No último final de semana, deputadas da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo (Alesp) foram alvo de um e-mail ameaçador que continha ameaças de morte e estupro. O comunicado, divulgado em nota conjunta pelas parlamentares, destaca que, embora algumas já tenham enfrentado esse tipo de conduta anteriormente, essa é a primeira vez que um ataque é direcionado de forma coletiva a todas as mulheres da Casa.
Um ataque misógino
O e-mail em questão não só representou uma ameaça direta à segurança das deputadas, mas também continha referências nazistas e ofensas direcionadas a várias delas. As parlamentares descreveram o ato como uma “nítida tentativa de silenciar mulheres em um ataque misógino, racista e capacitista”. Segundo o documento, a violência contra as mulheres que buscam espaços de poder na política é uma expressão do ódio que ainda persiste na sociedade brasileira.
Reação das parlamentares e partidos
Diante da gravidade da situação, deputadas de diferentes partidos, incluindo o PT e o PL, manifestaram seu repúdio ao ataque. A união das parlamentares diante desse ato covarde é um forte indicativo de resistência e força contra a violência de gênero. “Esse tipo de agressão não pode ser aceito; é um retrocesso à luta por igualdade e respeito”, disse uma das deputadas em entrevista.
A investigação em andamento
O caso já foi comunicado à presidência da Alesp e à Polícia Civil, que está conduzindo a investigação. A Secretaria de Segurança Pública do Estado (SSP) afirmou que o caso foi registrado como “ameaça, injúria racial e falsa identidade”. Na segunda-feira, 2 de junho, agentes apreenderam um computador e um celular na residência de um suspeito de 28 anos. A rápida ação da polícia mostra a seriedade com que o caso está sendo tratado.
A solidariedade das lideranças
O presidente da Alesp, deputado André do Prado (PL), expressou sua solidariedade às colegas, corroborando a necessidade de proteção às parlamentares. “Nenhuma agressão pode ser tolerada”, ressaltou ele, enfatizando a importância de um ambiente seguro para todos os que atuam na esfera pública.
Crescimento da bancada feminina na Alesp
A bancada feminina no Legislativo paulista tem crescido nos últimos anos, saltando de 11 para 24 deputadas entre 2014 e 2022. Apesar desse avanço, as mulheres ainda representam uma minoria em um Legislativo predominantemente masculino, que conta atualmente com 70 homens. Essa dinâmica ressalta a importância de continuar lutando contra a desvalorização das mulheres na política e em outras áreas de poder.
O episódio recente de ameaças evidencia não apenas a luta das mulheres na política, mas também a necessidade de um pacto social que combata a misoginia e a violência de gênero. O fortalecimento da bancada feminina é um passo crucial, mas a segurança e o respeito devem ser garantidos para que mais mulheres se sintam encorajadas a ocupar esses espaços de tomada de decisão.
As próximas semanas serão cruciais para as investigações, e a sociedade civil será chamada a se manifestar em apoio às parlamentares e ao combate à violência de gênero no Brasil.
