O PDT (Partido Democrático Trabalhista) dá início a um novo ciclo de desfiliações que promete impactar sua estrutura no Ceará. Na terça-feira (3), Roberto Cláudio, ex-prefeito de Fortaleza e um dos principais aliados de Ciro Gomes, anunciou oficialmente sua saída do partido, revelando sua entrada no União Brasil. Essa movimentação marca mais um passo na tentativa de construção de um projeto alternativo ao PT no estado, e Cláudio não perdeu tempo: logo após sua desfiliação, participou de uma reunião com o ex-presidente Jair Bolsonaro para discutir possíveis alianças.
Consequências da saída de Roberto Cláudio
Roberto Cláudio é um membro influente da ala ligada a Ciro Gomes e sua saída abre espaço para mais desfiliações no futuro. Esse movimento no PDT ocorre em um contexto de reposicionamento político, onde o grupo que orbitava em torno de Ciro Gomes tem buscado se alinhar mais com a oposição ao governador Elmano de Freitas e ao presidente Lula. O distanciamento desse grupo do PT não é novidade; já havia indícios durante a campanha presidencial de 2022, quando Ciro se apresentou como adversário direto de Lula.
Embora a bancada federal do PDT tenha adotado um discurso de independência, a ruptura total com o PT a nível estadual ainda não se concretizou, o que Ciro tenta mudar sem sucesso. Um dos fatores que contribuíram para essa situação é que, em maio, Ciro participou de um encontro na Assembleia Legislativa do Ceará com deputados de oposição, incluindo membros do PL e do União Brasil. Durante esse encontro, fez declarações que foram interpretadas mais como uma retórica do que uma proposta real de candidatura ao governo do estado.
O cenário político no Ceará e a busca por novas alianças
Com a saída de Roberto Cláudio, os esforços de Ciro Gomes para se reposicionar têm se intensificado. Ele declarou apoio aos aliados de Bolsonaro e mencionou o deputado federal Alcides Fernandes como uma opção viável para o Senado. O ex-deputado Capitão Wagner, que outrora foi adversário do PDT, também deve fazer parte dessa nova aliança. Essa configuração, sem dúvida, reforça o perfil oposicionista do grupo.
Entretanto, o PDT tem visto sua influência na política cearense diminuir significativamente. Nas eleições de 2020, o partido havia conquistado 67 prefeituras, mas esse número caiu brutalmente para apenas cinco em 2024. O atual prefeito de Fortaleza, José Sarto, terminou sua tentativa de reeleição em terceiro lugar, um acontecimento sem precedentes para a capital.
O futuro de Ciro Gomes e as questões internas do PDT
Os rumores sobre uma possível saída de Ciro Gomes do PDT se intensificam, especialmente considerando que ele já recebeu convites formais de outras siglas, como o União Brasil e o PSDB. Dentro do PDT, a probabilidade de sua saída é avaliada como uma possibilidade que poderia até mesmo ser benéfica para o partido, permitindo que novas lideranças possam surgir e competir nas próximas eleições.
Por outro lado, a movimentação de aliados de Ciro tem gerado críticas internas. Dirigentes do PDT argumentam que a permanência de Ciro na legenda havia sido uma escolha acertada, principalmente após a sigla ter apoiado Ciro em sua ruptura com Cid Gomes no final de 2023. Essa decisão resultou na perda de 40 prefeitos e 18 deputados estaduais, evidenciando que a saída de Ciro pode não ser tão simples quanto parece.
Relação entre os irmãos Gomes e o impacto no PDT
A divisão entre Ciro e Cid Gomes se acentuou devido às diferentes posições em relação ao PT. Enquanto Cid restabeleceu laços com o governo Lula e se tornou um aliado da base federal no Senado, Ciro decidiu seguir o caminho da oposição, tanto a nível estadual quanto nacional. Essa rixa familiar tem profundas implicações para a trajetória do PDT e a capacidade do partido de se reerguer após as recentes perdas eleitorais.
O futuro do PDT no Ceará e o papel de Ciro Gomes enquanto figura política continuam incertos, mas a tendência é que as movimentações políticas dessa ala se intensifiquem à medida que a fecham as alianças para as eleições que se aproximam.