O Monitor de Responsabilidade Climática Corporativa (CCRM) avalia as políticas ambientais de cinco grandes empresas do setor agroalimentar internacional, incluindo JBS, Danone, Mars, Nestlé e PepsiCo. Segundo o relatório, nenhuma delas demonstrou uma postura ideal, com destaque para a insatisfatória avaliação da gigante brasileira, considerada “muito baixa”.
Desafios na transparência e no compromisso das empresas
De acordo com o documento, embora todas tenham firmado compromissos de interromper o desmatamento, falta clareza na implementação dessas ações. A maioria trabalha com metas que incluem ressalvas, como foco limitado a fornecedores diretos ou uso de certificados sem rastreabilidade física. Exclusivamente a JBS apresenta planos com lacunas importantes, segundo o relatório.
“Todas as empresas se comprometem a acabar com o desmatamento, mas sem planos claros de execução”, resume a organização. A avaliação aponta que a postura da JBS e das demais companhias não está alinhada às metas globais de descarbonização.
‘Criticamente desalinhado’ com marcos de descarbonização
Para Eve Fraser, especialista do NewClimate Institute, a meta da JBS para 2030 não traria impacto significativo: “Isso resultaria em apenas 1% de redução nas emissões, o que é criticamente desalinhado com os marcos de descarbonização para o setor”, avaliou.
Fraser ressaltou ainda que a empresa continua expandindo suas operações de pecuária industrial, sem esforços substanciais para diversificar sua atuação e transitar para proteínas vegetais, o que compromete a promessa de atingir emissões líquidas zero até 2040. “Os relatórios ambientais da JBS carecem de transparência suficiente para acompanhar seu progresso”, afirmou.
Falta de ações concretas e metas insuficientes
A especialista criticou a limitação do compromisso da JBS em relação ao desmatamento ilegal, que abrange apenas fornecedores diretos, e apontou a ausência de ações relevantes para fatores como a expansão da pecuária e produção de ração. Além disso, o documento considera “altamente insuficiente” a meta da companhia de redução da intensidade de emissões para os escopos 1 e 2, por não abordar as principais fontes de emissão.
Perspectivas futuras e dúvidas sobre o compromisso da JBS
Fraser destacou que a promessa da JBS de zerar emissões líquidas até 2040 foi reformulada como uma aspiração, e não uma meta firme, levantando dúvidas sobre sua real intenção de contribuir para a descarbonização do setor agroindustrial. Segundo ela, a transparência nos relatórios ambientais é insuficiente para avaliar o progresso e a eficácia das ações planejadas pela empresa.
Para mais detalhes, acesse o relatório completo.