No litoral paulista, specifically em Santos, um grupo de moradores do condomínio Enseada das Orquídeas está em alerta devido a cobranças abusivas e indevidas nas contas de água e esgoto. A situação chegou a um ponto insustentável, destacando a fragilidade do sistema de medição de serviços essenciais. Um dos casos mais chocantes envolveu uma fatura que ultrapassou a marca de R$ 190 mil, valor que foi inicialmente cobrado a um dos residentes.
A origem do problema
O morador Wagner da Silva, de 58 anos, que utiliza seu apartamento apenas como residência de veraneio, ficou atônito ao receber uma conta de mais de R$ 1.000 referente a um consumo que considerou exorbitante: 71 metros cúbicos de água. “Meu consumo habitual gira em torno de 9 metros cúbicos por mês, e sempre paguei em torno de R$ 76”, explica. A conta absurda levantou preocupações não só para ele, mas para outros moradores, que se uniram em um grupo de WhatsApp para discutir suas experiências semelhantes.
Falhas na medição e a responsabilidade da empresa
Segundo relatos, a empresa Laager, responsável pela medição individualizada, está credenciada pela Sabesp, mas a confiabilidade das faturas geradas está em xeque. “Quando algo sai errado, a Laager se isenta, dizendo que a culpa é de um vazamento, enquanto a Sabesp alega que apenas emitiu a conta”, critica Wagner. Ele salienta que não há como haver vazamentos quando o registro geral do imóvel está fechado na sua ausência.
Uma recuperação difícil
A situação chegou ao seu pior quando Wagner recebeu uma conta surreal, com um valor que poderia comprometer seu contrato de locação. Com medo de que o não pagamento resultasse em cortes no fornecimento de água, ele recorreu ao síndico do condomínio, que conseguiu interceder junto à Sabesp. Após a intervenção, a fatura foi corrigida para R$ 156, valor justo em relação ao consumo real. Contudo, mesmo com essa correção, a frustração de Wagner persiste devido à falta de clareza e suporte nas interações com as empresas responsáveis.
Ação coletiva contra a Laager
Em resposta à situação caótica, aproximadamente 40 moradores do condomínio se organizaram para processar judicialmente a Laager. A insatisfação é generalizada, com muitos moradores reportando faturas ilegítimas e negligência nas respostas da empresa. “A situação é inexplicável. Não podemos aceitar cobranças dessa magnitude sem justificativa”, afirma Wagner.
A resposta da Sabesp e da Laager
A Sabesp, por meio de uma nota, informou que as contas do condomínio estão sendo analisadas para ajustes em decorrência do erro cometido pelo fornecedor de medição. A Companhia se comprometeu a enviar novas faturas aos clientes, tentando reparar o erro. No entanto, até o fechamento deste artigo, a Laager ainda não havia emitido uma declaração oficial sobre o caso.
O caso do condomínio Enseada das Orquídeas não é um incidente isolado, mas sim um reflexo de um problema maior que afeta muitos residentes em diversas áreas do Brasil. Fica evidente que a gestão de serviços essenciais deve ser aperfeiçoada, garantindo que os cidadãos não sejam penalizados por falhas administrativas e técnicas.
Enquanto os moradores aguardam respostas conclusivas, a situação gera insegurança e desconfiança em relação à gestão de água e à qualidade dos serviços prestados. Um reforço nas regulamentações e uma fiscalização mais rígida poderia ajudar a evitar problemas semelhantes no futuro, garantindo que cobranças justas sejam feitas e que a transparência prevaleça.