A pedagoga Cláudia Tavares Hoeckler, de 42 anos, assassina confessa do marido, voltou a ser presa no último sábado (30/5) após o Ministério Público solicitar que o Superior Tribunal de Justiça (STJ) suspendesse o direito da ré de aguardar o julgamento em liberdade. O crime brutal ocorreu em Lacerdópolis, Santa Catarina, em novembro de 2022, onde Cláudia deu um comprimido de sonífero ao esposo, Valdemir Hoeckler, de 43 anos, antes de asfixiá-lo com uma sacola plástica e ocultar o corpo no freezer da cozinha.
O crime e suas consequências
O caso se tornou ainda mais chocante quando a polícia descobriu a contradição nas declarações de Cláudia. Inicialmente, ela alegou que seu marido estava desaparecido. Porém, um vizinho, que costumava fazer compras com o casal, relatou que o freezer da residência estava vazio dias antes do desaparecimento. Quando a polícia investigou o local, encontraram o freezer cheio de produtos congelados, despertando suspeitas.
Após os policiais removerem os itens, descobriram que o corpo de Valdemir estava no freezer há cinco dias. Em seu depoimento, Cláudia alegou que cometeu o crime em defesa própria, após anos de agressões físicas, estupros e violência psicológica por parte do marido.
A defesa e a trajetória de Cláudia
O advogado de defesa, Matheus Molin, divulgou um vídeo onde Cláudia aparece chorando, anunciando sua entrega às autoridades. Ele declarou: “Cláudia nunca se eximiu da justiça. Ela busca mostrar sua história e comprovar que sofreu violência doméstica durante 20 anos de relacionamento”. Molin enfatizou que Cláudia enfrentou diversos tipos de abusos, incluindo físicos, morais e sexuais.
O conflito de interesses no relacionamento de Cláudia e Valdemir levanta questões complexas sobre violência doméstica e os limites da autodefesa. A história de Cláudia, suas alegações de abusos e a declaração de assassinato indicam a necessidade de uma reflexão profunda sobre o tema, levantando questões relevantes sobre o apoio às vítimas de violência.
Decisões judiciais recentes
Embora Cláudia tenha confessado o assassinato e colaborado com a investigação, o Tribunal de Justiça de Santa Catarina (TJSC) havia inicialmente concedido a ela o direito de aguardar o julgamento em liberdade, usando uma tornozeleira eletrônica. Durante esse período, ela trabalhou como vendedora de blocos de concreto e cozinheira em um restaurante, cumprindo as medidas cautelares determinadas.
No entanto, em agosto de 2023, o Ministério Público recorreu ao STJ, que decidiu pelo retorno de Cláudia à prisão, considerando a gravidade do crime, a premeditação do homicídio e a ocultação do corpo. Cláudia se entregou à Penitenciária Feminina de Chapecó, afirmando: “Vou fazer o que a Justiça determinou”.
Implicações e próximos passos
Com a decisão do STJ, o debate sobre direitos das mulheres em situações de violência doméstica ganha novos contornos. A decisão do tribunal reiterou a gravidade das circunstâncias que cercaram o crime e a resposta do sistema judiciário às alegações de autodefesa. A defesa de Cláudia já anunciou que pretende recorrer da decisão, acreditando que o Supremo Tribunal Federal (STF) concederá novamente o direito de aguardar o julgamento em liberdade e que, após o julgamento no Tribunal do Júri, Cláudia será absolvida.
Esse caso impressionante não apenas expõe as complexidades da violência doméstica, mas também destaca a importância de um suporte adequado para as vítimas, bem como um sistema judiciário que leve em consideração a dinâmica dos relacionamentos abusivos. Resta agora acompanhar os desdobramentos desse caso que continua a chocar e fascinar a sociedade brasileira.