A recente situação judicial do ex-presidente Jair Bolsonaro tem acentuado as preocupações de seus aliados. Há indícios de que, caso seja condenado no processo da trama golpista, ele possa ser obrigado a se afastar das redes sociais, uma medida vista como um potencial golpe na sua capacidade de mobilizar e interagir com seus apoiadores. O uso das plataformas digitais foi uma estratégia crucial nas suas campanhas presidenciais, onde se destacou pela comunicação direta e engajadora.
A preocupação dos bolsonaristas
O receio é que até mesmo em caso de uma prisão domiciliar, Bolsonaro enfrente restrições severas em sua atividade digital. “Moraes criou o exílio virtual. Vão tentar silenciar o Bolsonaro nas redes, matá-lo civilmente”, afirmou uma fonte próxima ao ex-presidente e com boa inserção no meio jurídico. Esta declaração reflete um sentimento de impotência frente a possíveis decisões do Supremo Tribunal Federal (STF) que poderiam limitar a presença digital do líder bolsonarista.
Medidas cautelares já haviam sido impostas a outros envolvidos na mesma trama, como a cabeleireira Débora Rodrigues dos Santos, condenada a uma pena de 14 anos por crimes relacionados ao golpe de Estado, situação que reforça o temor entre os seguidores de Bolsonaro de que um tratamento similar possa ser aplicado a ele.
Implicações de um novo inquérito
O ambiente de tensão se intensificou com a abertura de um inquérito que visa investigar Eduardo Bolsonaro, filho do ex-presidente, por suposta coação em articulações com autoridades americanas. A possibilidade do ex-presidente ser alvo de uma prisão preventiva, ou de restrição de bens, deixa os bolsonaristas em estado de alerta. Caso essa situação se concretize, a proibição do uso das redes sociais, um dos principais canais de comunicação do ex-presidente, não é descartada.
Os políticos e analistas têm avaliado que as preocupações em torno das ações do STF podem vir antes de uma condenação formal, especialmente com o aumento das tensões políticas entre o ex-presidente e a Corte, exacerbadas por interferências externas, como a recente retórica do governo Trump com referências a questões de liberdade de expressão.
A força das redes sociais nas campanhas
Nas últimas duas eleições, Jair Bolsonaro utilizou sua presença massiva nas redes sociais como um dos pilares de sua comunicação. Os perfis no X e no Instagram somam, juntos, mais de 40 milhões de seguidores, superando significativamente a audiência de seu principal adversário político, Luiz Inácio Lula da Silva. Para Bolsonaro, a perda de acesso a esses canais poderia representar uma penalidade ainda mais severa do que a prisão em si, considerando a importância que eles têm na sua estratégia de engajamento e na construção de uma narrativa pública.
A importância da presença digital nas eleições não pode ser subestimada. Em um mundo cada vez mais conectado, a capacidade de se comunicar diretamente com o eleitorado através das redes sociais é vista como uma forma de contornar a mídia tradicional e manter os seguidores informados e mobilizados. Retirar Bolsonaro do espaço digital, na perspectiva de seus apoiadores, poderia desmantelar sua campana de apoio, prejudicando suas perspectivas políticas futuras.
Os desafios à frente
Com a possibilidade de um depoimento do ex-presidente agendado para a próxima quinta-feira (5), a inquietação entre seus aliados cresce. Um cenário em que medidas restritivas são adotadas logo após o depoimento de Bolsonaro não é descartado, e isso poderia significar um começo de um novo capítulo no conflito entre o ex-presidente e a Justiça brasileira.
Além disso, a complexidade do contexto, que envolve tanto questões legais quanto políticas, continua a colocar pressão sobre a base de apoio de Bolsonaro. A luta política se mescla com a judicial, gerando um ambiente de incerteza que pode impactar de forma significativa o futuro do ex-presidente e sua interação com os apoiadores.
Em um momento em que o eleitorado se polariza e a comunicação digital se torna primordial, a privação do acesso de Bolsonaro às redes sociais representa mais do que uma simples restrição: é um golpe em sua capacidade de influenciar, mobilizar e reagir a críticas e adversários políticos. Com a situação se desenrolando rapidamente, os próximos dias serão cruciais para o destino político de Jair Bolsonaro e sua relação com milhares de apoiadores no Brasil.