Brasil, 2 de junho de 2025
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Técnica inédita para conservação de tubarões e raias é desenvolvida no Brasil

Estudo na UFRJ utiliza microtomografia computadorizada para analisar tubarões e raias ameaçados de extinção.

Uma nova técnica para o estudo da conservação de tubarões e raias está, finalmente, tomando forma no Brasil. Pesquisadores da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) estão implementando uma tecnologia de ponta que permite a análise das vértebras de elasmobrânquios, como a raia-manteiga e o tubarão frango, ambos nativos de águas brasileiras. Este avanço pode se mostrar crucial para a conservação dessas espécies ameaçadas de extinção.

Novo método de análise: microtomografia computadorizada

Por meio do estudo dos anéis etários presentes nas vértebras de tubarões e raias, a equipe de pesquisadores consegue estimar a idade desses animais e estudar seu desenvolvimento e taxa de crescimento ao longo do ano. A microtomografia computadorizada (Micro-CT) é um avanço significativo, pois permite a análise dessas espécies de forma mais precisa e eficaz, comparado ao uso de técnicas tradicionais que exigiam o corte das vértebras.

“Antes, eu precisava cortar a vértebra ao meio para observar os anéis etários com a lupa. Com a Micro-CT, a vértebra é irradiada inteira e permanece intacta, facilitando a contagem dos anéis etários e tornando-os muito mais nítidos”, afirmou Clara Velloso, idealizadora da pesquisa e estudante de pós-graduação em Ecologia da UFRJ.

O equipamento em questão utiliza radiação para revelar diferenças na densidade das vértebras e cria imagens em 3D, permitindo um estudo detalhado. Isso significa que a mesma amostra pode ser utilizada em pesquisas futuras, garantindo maior preservação dos espécimes.

Parcerias fundamentais para a pesquisa

O progresso nesta pesquisa foi possibilitado por uma colaboração entre o Laboratório de Biologia e Tecnologia Pesqueira (BioTec Pesca) e o Laboratório de Instrumentação Nuclear (LIN). As vértebras utilizadas na pesquisa foram cedidas tanto por laboratórios parceiros quanto por pescadores artesanais que muitas vezes capturam esses animais de forma acidental.

Por que a conservação de tubarões e raias é crucial?

Os tubarões e raias desempenham um papel importante na manutenção da biodiversidade marinha. Sua extinção pode causar um colapso na teia alimentar, impactando diretamente a disponibilidade de recursos marinhos e, por consequência, a alimentação humana. Clara Velloso explica: “Esses predadores regulam as populações de suas presas. Se um deles for extinto, suas presas se multiplicarão descontroladamente, levando a uma competição intensa e, eventualmente, à extinção dessas espécies”.

“É uma verdadeira cadeia que se rompe”, enfatiza Clara.

As raias e tubarões estão constantemente ameaçados por fatores como sobrepesca e poluição. Paloma Barbosa Faustino, aluna de iniciação científica da UFRJ, assegura que o estudo sobre o cação-frango pode contribuir para o desenvolvimento de estratégias mais eficazes de conservação, uma vez que essa espécie apresenta características vulneráveis devido à sua gestação de embriões formados.

Resultados promissores

Os resultados preliminares já começaram a indicar que as fêmeas da raia-borboleta crescem mais lentamente do que os machos, tanto em aquários quanto na natureza, com uma expectativa de vida teórica de 34,7 anos para as fêmeas e 26,3 anos para os machos. Esses dados são essenciais para o entendimento da biologia dessas espécies e auxiliar nas estratégias de proteção.

Urgências na conservação

A União Internacional para Conservação da Natureza (IUCN) identificou recentemente a costa do Rio de Janeiro e a Baía de Guanabara como áreas críticas para a conservação de animais marinhos. Estima-se que aproximadamente 25 espécies de tubarões e raias estejam ameaçadas nessa região.

O professor Marcelo Vianna, do Departamento de Biologia Marinha da UFRJ, destaca que cerca de 1/3 dos elasmobrânquios estão ameaçados globalmente, refletindo a situação crítica em que se encontram diversas espécies no Brasil.

A importância de iniciativas locais

Clara Velloso ressalta que mudanças significativas no cenário de conservação exigem a colaboração de autoridades, pescadores e cientistas no desenvolvimento de áreas de preservação marinhas. “A Unidade de Conservação da APA da Guapimirim é um exemplo positivo que concilia conservação e desenvolvimento local, e esse modelo precisa ser replicado para atender às metas estabelecidas pela ONU de proteger 30% dos oceanos do mundo até 2030”, finaliza.

A equipe responsável pela pesquisa inclui profissionais de destaque, como Clara Velloso, Marcelo Vianna, André Vaz dos Santos, Victor Rocha Carvalho e Paloma Barbosa Faustino, que trabalham incansavelmente para garantir a preservação dessas espécies marinhas tão essenciais para o ecossistema.

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