Uma pesquisa realizada pela Embrapa e Universidade Federal do Pará (UFPA) revelou que o própolis produzido pela abelha nativa da Amazônia, Scaptotrigona aff. postica — conhecida como abelha-canudo — possui potencial cicatrizante e anti-inflamatório. Os estudos indicam que o produto, elaborado a partir de abelhas criadas em ambientes de cultivo de açaí, acelera a recuperação de feridas e diminui a inflamação, apresentando desempenho igual ou superior ao de pomadas cicatrizantes comercializadas.
Propriedades do própolis da abelha-canudo e influência do cultivo de açaí
O própolis analisado é produzido por abelhas que coletam resinas de plantas e pólen no ambiente de cultivo de açaí. A espécie, já estudada por sua eficiência na polinização do açaizeiro, altera sua composição química devido ao contato com o ambiente de cultivo, rico em compostos fenólicos e antocianinas, substâncias conhecidas por suas propriedades antioxidantes.
Segundo os pesquisadores, essas características contribuem para a alta atividade cicatrizante e anti-inflamatória do produto. Apesar de algumas substâncias ainda não terem suas origens completamente esclarecidas, a presença do ambiente de cultivo de açaí influencia positivamente na composição química do própolis.
Resultados do estudo e vantagens do novo produto
O estudo comparou o creme de própolis com uma pomada comercial, mostrando que ambos reduziram o tamanho das feridas. Entretanto, a análise microscópica revelou uma recuperação mais rápida das fibras de colágeno, essenciais para a sustentação do tecido em regeneração, além de uma menor inflamação na área tratada com a própolis.
Outro destaque é que o produto apresenta menor risco de efeitos colaterais, quantidade reduzida de resíduos químicos e conservantes. Além disso, trata-se do primeiro creme de própolis de origem cultivada em área de açaí já descrito em estudos científicos.
Vantagens ambientais e considerações para o uso comercial
Uma característica importante do própolis da abelha-canudo é sua ausência de barro na composição, diferente de outras espécies nativas da Amazônia que utilizam o solo na produção, tornando-o livre de contaminantes.
Porém, para que esse produto seja comercializado em larga escala, ainda são necessários mais estudos. Segundo a Embrapa, é fundamental identificar as melhores abelhas para a produção de própolis, assim como estabelecer técnicas de manejo eficientes. A quantidade produzida por cada colmeia ainda é pequena, o que exige muitos produtores para alcançar volumes comercializáveis.
Perspectivas futuras
Apesar do potencial, o lançamento oficial do produto ao mercado só deve ocorrer após novas pesquisas que esclareçam seu funcionamento e garantam uma produção em escala mais ampla. A expectativa é que, com maior desenvolvimento, o própolis da abelha-canudo possa ser uma alternativa natural e eficiente para tratamentos de feridas, além de apresentar benefícios ambientais por sua origem sustentável.
Mais detalhes sobre o estudo podem ser conferidos no site da G1.