A sigla LGBTQIAPN+ tornou-se um símbolo da luta pelos direitos LGBTQIA+ e do reconhecimento das diversas identidades de gênero e sexualidade. Originária de uma versão mais simples, a sigla passou por significativas transformações ao longo dos anos, refletindo não apenas o avanço da aceitação social, mas também as necessidades de visibilidade e inclusão. No Ceará, ativistas têm vivido e documentado essa evolução, levando em consideração o passado e as aspirações futuras.
A era GLS e suas limitações
Nos anos 1990 e 2000, a sigla “GLS”, que se referia a Gays, Lésbicas e Simpatizantes, dominou o vocabulário da comunidade. Segundo ativistas, essa terminologia se restringia a um uso mercadológico e carecia de um envolvimento mais político-social. Era comum que estabelecimentos utilizassem a nomenclatura GLS como uma forma de marketing, prometendo segurança e espaço acolhedor apenas para a comunidade LGBTQ+. Contudo, isso não bastava para atender as necessidades de quem lutava por direitos.
Fábio Mendes, ativista de diversidade sexual e gênero com três décadas de experiência, observa que a mudança começou a se tornar necessária a partir do momento em que as lideranças da comunidade começaram a se reunir e a discutir sobre a representação. A transição para o termo LGBTQIAPN+ reflete uma necessidade crescente de inclusão e representação de todas as identidades e orientações dentro da comunidade.
O surgimento do LGBTQIAPN+
O cenário começou a mudar na década de 2000, quando a terminologia se expandiu para **LGBT** e, posteriormente, para **LGBTQIAPN+**. A primeira Conferência Nacional GLBT, em 2008, foi um marco nesse processo, pois trouxe à tona a necessidade de discutir o reconhecimento das diversas identidades de gênero e as várias orientações sexuais. A conferência foi um dos primeiros eventos governamentais dedicados ao público LGBTQ+ em nível mundial, ajudando a moldar políticas públicas voltadas para a comunidade.
Pesquisadores, como Dediane Souza, destacam que a conferência e os diálogos que dela decorreram contribuíram para a reorganização das letras na sigla. Inicialmente, a sigla apresentava a ordem GLBT, mas esse conceito foi revisto para priorizar a visibilidade e inclusão de todos os grupos representados.
As letras que compõem a sigla e seus significados
Atualmente, a sigla inclui as seguintes letras: L para Lésbicas, G para Gays, B para Bissexuais, T para Transgêneros, Q para Queer e/ou Questionando, I para Intersexuais, A para Assexuais, P para Panssexuais e N para Não-binários. O sinal **+** é um indicador de que existem outras identidades que ainda não têm representação específica nas letras.
Segundo a socióloga Stela Cristina de Godoi, a adição de letras como Q, I, A, P e N representa uma evolução significativa no reconhecimento da diversidade sexual e de gênero. Ela enfatiza que a questão das “minorias sexuais” é frequentemente cercada de estigmas que dificultam o reconhecimento da pluralidade existente. A teoria queer, surgida nos anos 1980, contribuiu de forma crucial para mudar essa narrativa, permitindo que práticas e identidades que antes eram marginalizadas se tornassem parte do discurso público.
A luta contínua por inclusão e reconhecimento
Fabio Mendes explica que a evolução da sigla é uma dinâmica em constante adaptação. As identidades e orientações sexuais precisam ser visibilizadas, e essa necessidade tem gerado um movimento contínuo por reconhecimento e inclusão. “O movimento passa por um processo de reconhecimento das diversas formas de sexualidade, que vai além de uma mera terminologia,” afirma Mendes.
Dediane Souza complementa que essa sigla não é apenas uma formalidade, mas sim um reflexo das lutas políticas e sociais que se entrelaçam ao longo da história. “A sigla é uma maneira de trazer essas marcas identitárias para o debate político. Importa perceber que a movimentação vai incorporando novas pautas a cada dia,” finaliza.
A evolução da sigla LGBTQIAPN+ é mais do que uma mera mudança de terminologia; é um testemunho da luta contínua por direitos e reconhecimento da comunidade, que reflete uma sociedade em transformação e crescimento em termos de aceitação e inclusão.
Para acompanhar mais sobre a evolução e as questões que envolvem a comunidade LGBTQIAPN+, acesse g1!