Brasil, 2 de junho de 2025
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Estagnação social e desilusão alimentam o antipetismo no Brasil

A crise de mobilidade social e a perda de esperança nas promessas políticas aumentam o desencanto com a democracia, revela estudo recente

A dificuldade de ascensão social no Brasil nas últimas décadas, como indica o Atlas de Mobilidade Social, tem impactado diretamente na percepção da população sobre o papel da política. Cientistas políticos ouvidos pelo GLOBO apontam que a frustração da geração nascida na década de 1980, período de redemocratização do país, pode proporcionar um desencanto que favorece discursos simplistas de recuperação rápida da prosperidade, levando a uma nostalgia do passado.

Desafios da esperança na juventude brasileira

De acordo com o professor do Insper Carlos Melo, as transformações tecnológicas atuais, como a inteligência artificial, tornaram o mundo mais volátil e agravaram a sensação de esperança reduzida entre as gerações mais jovens. “Essa falta de perspectiva faz com que o sentimento de frustração se intensifique”, afirma Melo. Para ele, a política, que deveria se orientar por sonhos e o futuro, enfrenta uma crise de credibilidade diante da sensação de estagnação.

O conceito de “Retrotopia” e a nostalgia pelo passado

O sociólogo Zygmunt Bauman define o fenômeno de “Retrotopia”, visto como uma utopia que reside no passado. Melo explica: “A ideia de que as experiências de nossos pais ou avós foram melhores serve de alicerce para discursos de que, mesmo em tempos de ditadura, aquela época foi mais promissora. Assim, a política atual não consegue oferecer respostas rápidas e satisfatórias”.

Transformações políticas e o sentimento antipolítica

Camila Rocha, diretora Científica do Centro para Imaginação Crítica no Cebrap, analisa que a sensação de estagnação promove um fortalecimento do sentimento “antipolítica”, sobretudo na extrema-direita, enquanto o campo progressista mantém uma postura de imobilidade diante das demandas sociais. “Na esquerda, há uma percepção de que as pautas não têm mobilização suficiente, enquanto na direita há mais ações articuladas, como se essas oferecessem mais perspectivas”, observa Rocha.

Dinâmicas eleitorais e o apelo pelo rápido ganho econômico

Segundo Melo, há uma preferência crescente por alternativas que prometem ganhos rápidos, como o investimento em Bitcoin, mercado financeiro e formas de gerar renda de forma imediata. Essas tendências estão relacionadas às campanhas políticas de direita e extrema-direita, que exploram a insatisfação com o sistema e a busca por soluções instantâneas.

O cenário mundial e o risco de autoritarismo

O cientista político Sérgio Abranches, autor do livro A Era do Imprevisto, aponta que o Brasil vive uma etapa imprevisível, onde o “velho agoniza e o novo não nasceu”. Melo relembra que experiências em outros países, como Turquia e Hungria, mostram o surgimento de autocracias e o risco de tentativa de golpe. “O Brasil corre esse risco, diante de uma crise de confiança na política convencional”, alerta.

Para entender mais sobre os fatores que alimentam o sentimento antipolítico e suas consequências, leia o artigo completo no GLOBO.

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