Brasil, 25 de julho de 2025
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Baixa mobilidade social no Brasil: apenas 10,8% dos mais pobres sobem na pirâmide de renda

Apenas 10,8% dos brasileiros entre 35 e 42 anos conseguem alcançar o grupo dos 25% mais ricos, revelando dificuldades na mobilidade social.

Um estudo do Instituto de Mobilidade e Desenvolvimento Social (IMDS) divulgado nesta segunda-feira mostra que a ascensão social no Brasil ainda é limitada, especialmente para quem nasce na base da pirâmide de renda. Segundo a pesquisa, apenas 10,8% dos adultos entre 35 e 42 anos de famílias entre os 50% mais pobres atingem o grupo dos 25% mais ricos, evidenciando as dificuldades de subir na estrutura socioeconômica do país.

Desafios de quem nasce nas camadas mais vulneráveis

O atlas de mobilidade social revela que menos da metade (49%) das crianças nascidas entre 1983 e 1990 estão em situação financeira melhor que a de seus pais na vida adulta. No entanto, quem nasceu nas famílias mais vulneráveis tem chances ainda menores de ascender: apenas 2,5% dos adultos de famílias entre os 25% mais pobres conseguem chegar ao grupo dos 25% mais ricos. Além disso, quem nasceu na metade mais pobre dificilmente entrará nos 25% mais ricos, reforçando a persistência da desigualdade.

Persistência da desigualdade e obstáculos na trajetória

De acordo com o estudo “Mobilidade intergeracional na terra da desigualdade”, realizado por pesquisadores como Diogo Brito e Breno Sampaio, o cenário mostra que, mesmo entre os que conseguem ascender, a mobilidade é de curta distância. Comunica-se ainda que, no Brasil, a maior parte da geração frustrada permanece na parte mais pobre, com renda que oscila entre os 30% e os 40% com menores recursos econômicos.

Comparações internacionais e impacto na juventude

Nos Estados Unidos, país com maior desigualdade entre países desenvolvidos, a taxa de sucesso na mobilidade social chega a 7,5%, enquanto na Suécia, a mais equitativa, o índice é de 15,7%. O estudo alerta que a ausência de mobilidade gera uma perda de talentos — os chamados “lost Einsteins” —, colocando em risco o potencial de inovação e crescimento econômico do país.

Histórias de superação: Etienne de Souza e Sanderson da Silva

Etienne de Souza, médica de 38 anos, faz parte dos 10% mais ricos do Brasil, uma conquista surpreendente considerando sua origem na camada mais pobre. Sua mãe, Michele de Souza, foi empregada doméstica e começou a trabalhar aos 9 anos. Ela só ingressou na escola aos 18 anos, após aprender a ler e escrever pelo Ensino de Jovens e Adultos (EJA), e apoiou a filha em sonhos de estudar medicina. Etienne, que se formou na Bolívia devido ao menor custo do curso, sofre racismo diariamente na rotina de trabalho na Rocinha, na Zona Sul do Rio.

Já Sanderson da Silva Júnior, coordenador operacional dos Correios com 32 anos, conseguiu ultrapassar a barreira dos 50% mais pobres graças ao esforço da família. Sua mãe, Rosalva da Silva, separou-se cedo e, com o salário de auxiliar de serviços gerais, enviou Sanderson ao ensino particular. Aos 19 anos, passou em um concurso público e hoje possui uma renda de cerca de R$ 8 mil, com casa e carro, apesar de ter nascido na Zona Norte do Rio.

Perspectivas de futuro e desafios persistentes

A pesquisa indica que a ascensão social de curto alcance é a regra no Brasil, com baixas chances de saltos significativos na estrutura de renda. O sociólogo Carlos Ribeiro lembra que, apesar de avanços na educação e na participação feminina no mercado de trabalho, a mobilidade ainda enfrenta obstáculos. O estudo reforça que o movimento de ascensão está desacelerando, levando o país a um cenário de maior estabilidade, porém com maior risco de regressão social.

Segundo o pesquisador Diogo Brito, o Brasil passa por uma fase mais estável de mobilidade, semelhante a países como França e Inglaterra, mas com maior risco de recuo entre quem nasceu nas camadas mais pobres. A dificuldade de chegar ao topo reforça a necessidade de políticas públicas voltadas à redução das desigualdades de base.

Mais informações no Atlas de Mobilidade Social do IMDS.

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