No último sábado, 31 de maio, a Basílica de São Pedro foi palco de um momento significativo para a Diocese de Roma com a ordenação de 11 novos sacerdotes pelo Papa Leão XIV. Em sua homilia, o Santo Padre abordou a missão da Igreja perante um mundo ferido e a necessidade de reconstruir a credibilidade da instituição e de seus representantes. “Juntos, reconstruiremos a credibilidade de uma Igreja ferida, enviada a uma humanidade ferida, dentro de uma criação ferida”, declarou durante a cerimônia.
A relação entre sacerdotes e o povo de Deus
O Papa enfatizou a conexão essencial entre os novos sacerdotes e as comunidades que os acolhem e enviam. Ele destacou que a verdadeira felicidade e a missão sacerdotal decorrem de laços profundos com o povo de Deus. “A profundidade, a amplitude e a duração da alegria divina que agora celebramos são proporcionais aos laços que existirão entre vocês, ordenandos, e o povo de onde vocês vêm”, disse Leão XIV.
Essa mensagem linear e direta ressoou fortemente na cerimônia, onde 5.500 fiéis estiveram presentes, reforçando a ideia de que a identidade do sacerdote está intrinsecamente ligada à união com Cristo, considerado o Sumo e Eterno Sacerdote. O Papa lembrou que, mesmo em tempos de incerteza e de fragilidade da fé, Deus continua reunindo Seus filhos, independentemente de suas diferenças.
Viver segundo o estilo de Jesus
Em seu discurso, Leão XIV exortou os novos sacerdotes a que vivam de acordo com o estilo de vida de Jesus. “São pessoas de carne e osso aquelas que o Pai coloca em seu caminho. Consagrem-se a elas, sem se separarem, sem se isolarem”, enfatizou. A crítica ao individualismo e ao afastamento da comunidade é uma mensagem repetida por líderes da Igreja, que apelam para a necessidade de um envolvimento ativo e genuíno com os fiéis.
O Papa também destacou a importância do sacerdócio como um chamado para servir e não para se apegar a privilégios. Essa mensagem é essencial em um momento em que muitos questionam a relevância e a eficácia da Igreja na sociedade contemporânea.
A missão é de Jesus, ninguém substitui o Mestre
Durante a celebração, Leão XIV insistiu que a missão da Igreja é um reflexo da missão de Jesus. “Ele ressuscitou e nos precede; nenhum de nós é chamado a substituí-lo”, disse o Papa. Essa perspectiva visa lembrar aos sacerdotes que seu trabalho é um serviço à comunidade e não uma busca por poder ou prestígio.
O Santo Padre enfatizou que, ao conduzirem seu trabalho, eles devem abrir espaço para os fiéis e para todas as criaturas, reforçando a ideia de que o povo de Deus é vasto e diversificado. “O povo de Deus é mais numeroso do que vemos. Não definamos os limites”, acrescentou, promovendo uma visão inclusiva e universal da missão da Igreja.
Reconstruindo a credibilidade da Igreja
Antes de encerrar sua homilia, Leão XIV fez um apelo à necessidade de ser crível perante o povo. “Não somos perfeitos, mas é necessário ser críveis”, assinalou, ressaltando que a Igreja deve servir como um farol de esperança, especialmente em tempos de crise. Ele contou que, assim como Jesus, que mostrou suas feridas e ofereceu perdão, os sacerdotes devem estar dispostos a assumir suas próprias vulnerabilidades e limites.
Uma vigília de oração para os novos presbíteros
Após a homilia, o rito de ordenação foi celebrado, culminando em uma vigília de oração na Basílica de São João de Latrão na noite anterior, onde cada um dos novos sacerdotes testemunhou sua vocação. O jovem sacerdote mais novo da ordenação tem apenas 28 anos, enquanto o mais velho tem 49 anos, refletindo a diversidade de experiências e histórias que agora fazem parte do clero romano.
A cerimônia não apenas marca um novo capítulo na vida destes sacerdotes, mas também simboliza uma renovação da esperança e da fé em uma Igreja que continua a lutar por sua relevância e credibilidade em um mundo em constante transformação.
O convite à reflexão e ao compromisso em servir com autenticidade e solidariedade ressoou com um apelo universal à paz e à unidade, a mensagem de Leão XIV se estende além da cerimônia, convidando todos os fiéis a se unirem no compromisso de um futuro mais esperançoso e fraterno.
