O prefeito do Recife, João Campos, foi eleito no último domingo para presidir o diretório nacional do PSB, um partido historicamente ligado à sua família, já dirigido pelo seu pai, Eduardo Campos, e pelo bisavô paterno, Miguel Arraes. Com a nova responsabilidade, Campos tem pela frente diversos desafios, incluindo a ampliação da bancada na Câmara e a manutenção de Geraldo Alckmin na vice-presidência de Lula (PT) em 2026. Estes serão fatores cruciais para o fortalecimento do partido, especialmente considerando a influência que a bancada exerce sobre recursos e tempos de propaganda em eleições futuras.
Desafios e metas do novo presidente do PSB
João Campos projeta um ambicioso plano de eleger 25 deputados federais, representando um aumento de 78% em comparação aos 14 eleitos em 2022. Ele acredita que isso fará do PSB a sigla com o maior crescimento percentual na próxima legislatura, posicionando o partido como uma força influente, atrás apenas do PT, do PL e das siglas do Centrão. Para alcançar essa meta, Campos está em conversações para a formação de uma federação com o Cidadania, que recentemente se desvinculou do PSDB.
O papel do Senado nas ambições eleitorais do PSB
O Senado é igualmente importante nas estratégias do novo presidente. Campos deseja ver dois dos três atuais governadores do partido, Renato Casagrande (do Espírito Santo) e João Azevêdo (da Paraíba), fazendo a transição para senadores. Ele admite que pode ser necessário abrir mão dos governos para que o partido ganhe representatividade no Senado.
“Gostaríamos de manter governo e Senado, mas se tivermos que escolher, é natural que os governadores tenham poder de decisão nisso”, afirmou Campos, explicando que não há uma meta rígida para o número de governadores.
Disputas internas e alianças em questão
No entanto, a intenção de ter um candidato competitivo ao Senado pode gerar embates internos, principalmente em estados como o Rio de Janeiro. Alessandro Molon é considerado o nome natural do PSB para o Senado, mas enfrenta concorrência de setores do PT que também têm interesse neste espaço. Em São Paulo, a articulação de possíveis candidaturas ainda está em debate, com Márcio França atuando na construção de uma candidatura, mesmo diante de um quadro desafiador para o PT.
Relação com o governo e o futuro do PSB
Ao afirmar sua posição em relação ao governo, Campos deixou claro a intenção de manter um relacionamento forte com Lula. “É um aliado programático e queremos ser reconhecidos na tomada de decisões”, ressaltou. Para ele, a aliança deve ser construída de maneira fraterna, evitando conflitos públicos que possam fragilizar a base governamental.
Ele ainda ressaltou a importância de criar um PSB que dialogue com as novas realidades sociais e econômicas do Brasil, onde a maioria das famílias é chefiada por mulheres e a classe média cresce, enfrentando desafios de empreendedorismo. “Não é porque esse discurso não ressoa em um ambiente polarizado que isso não tem demanda na maioria da população,” disse Campos, tecendo um retrato de um PSB classificado como centro-esquerda.
O futuro político e as metas de reeleição
Com João Campos na presidência, a família continua seu legado no PSB, onde três dos cinco presidentes foram de sua linhagem em 40 anos de redemocratização. Com a expectativa de retomar o Palácio do Campo das Princesas, onde seu bisavô e pai também lideraram, Campos enfrenta a tarefa de elaborar um projeto político que ressoe com a população de Pernambuco, crucial para as próximas eleições.
O cenário político em Pernambuco está se complicando, especialmente com o PT flertando com a governadora Raquel Lyra (PSD), uma situação que Campos terá que lidar como novo dirigente nacional da sigla. “É uma prioridade para o PSB a eleição de Pernambuco. Já fizemos muito pelo estado e vamos ter um projeto forte que dialogue com a população”, concluiu o novo presidente do PSB, ainda sem declarar oficialmente sua candidatura.
Com os olhos no futuro, Campos terá que desatar nós políticos e estratégicos que podem definir o rumo do PSB nas próximas eleições e na manutenção da influência do partido no cenário nacional.