Depois de uma saga que durou 50 dias, envolvendo emoções intensas e um engajamento em várias frentes, o cão de assistência Teddy embarcou para Portugal na tarde desta sexta-feira (30). Alice, uma menina autista de 12 anos, que depende do carinho e do apoio do seu fiel amigo peludo, aguarda ansiosamente o reencontro. Teddy deve chegar a Lisboa na madrugada de sábado (1), e sua chegada é mais do que uma simples reunião, é uma verdadeira vitória para a inclusão e os direitos das pessoas com deficiência.
A batalha pelo direito de embarque
A jornada para assegurar que Teddy pudesse viajar com sua tutora não foi fácil. O pai de Alice, Renato Sá, obstetra e defensor fervoroso dos direitos da filha, expressou sua gratidão pela vitória. “O Teddy finalmente embarcou. Estamos muito ansiosos, numa expectativa enorme pela chegada deles aqui em Lisboa. Mas, acima de tudo, isso representa a vitória de todas as pessoas com deficiência que, de alguma forma, viram seu direito ser garantido,” disse Renato.
Teddy, um labrador especialmente treinado, foi barrado de embarcar em três tentativas anteriores. O imbróglio começou no dia 8 de abril, quando a companhia aérea TAP cancelou sua passagem, mesmo com documentação previamente aprovada para a viagem. A empresa alegou questões de segurança, enquanto um laudo judicial autorizava a presença do cão ao lado de Alice.
O impacto emocional da separação
A separação de mais de 50 dias teve um impacto significativo no bem-estar emocional de Alice. A irmã da menina, Hayanne Porto Grangeiro, estava visivelmente emocionada durante o embarque e destacou a importância do cão para a vida da irmã. “O principal era levar o Teddy até a Alice para que esse reencontro acontecesse o mais rápido possível,” disse Hayanne, ressaltando a ansiedade que a família enfrentou durante todo o tempo.
A importância de Teddy na vida de Alice
Teddy não é apenas um cão; ele é um verdadeiro assistente que ajuda Alice a lidar com suas crises nervosas. Treinado para detectar odores hormonais que precedem esses episódios, Teddy interage com a criança para evitar que as crises se agravem. Ricardo Casarotti, o treinador de Teddy, expressou a importância do animal: “Se você tira o autista da rotina dele, desencadeia agressividade e ansiedade,” comentou.
A equipe de apoio da família, incluindo advogados e o treinador, trabalharam incansavelmente para que Teddy conseguisse embarcar. A má notícia sobre as tentativas frustradas se transformou em uma avalanche de apoio nas redes sociais, mobilizando a comunidade e uma intervenção por parte do governo, especificamente do Ministério de Portos e Aeroportos, que ajudou a viabilizar a viagem do cão.
O papel do governo e da sociedade
A situação gerou tal comoção que levou autoridades a se envolverem diretamente. O ministro Silvio Costa Filho tomou a frente do caso e informou a Renato que estava disposto a encontrar uma solução. Esta ação governamental culminou na aceitação das exigências da família, e a documentação necessária foi providenciada rapidamente para garantir o embarque de Teddy.
“Eu agradeço de coração toda a ajuda que a gente teve desde o início. Apesar da dor e do estresse, conseguimos solucionar essa questão,” disse Hayanne, ressaltando a necessidade de que os direitos das pessoas com deficiência sejam respeitados.
O aguardado reencontro em Lisboa
Finalmente, após tanto sofrimento e luta, Teddy está a caminho de Lisboa, e a expectativa da família é enorme. A chegada do cão ao lado de Alice promete ser um momento de pura felicidade, que com certeza trará alívio emocional à menina, que já estava sofrendo com a ausência do seu melhor amigo. A medida que as horas se aproximam e o voo avança, a família se prepara para um reencontro que ressignificará a rotina de Alice e devolverá a ela não apenas um cão, mas um suporte emocional fundamental em sua vida.
Essa história não apenas destaca as dificuldades enfrentadas na luta por direitos, mas também como o amor e a dedicação de uma família podem transformar realidades. A espera está quase no fim, e a alegria certamente irá prevalecer!