O clima político em Alagoas está mais tenso do que nunca, com uma disputa furiosa pela vaga de ministro no Superior Tribunal de Justiça (STJ), uma situação que já provocou sérios desentendimentos entre aliados habituais. O impasse na nomeação do novo representante do Ministério Público no tribunal se intensifica, levantando questões sobre a formação das campanhas para a reeleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
A briga pela vaga
Desde que a indicação para o STJ se tornou um tema quente na política de Alagoas, os grupos rivais começaram a se posicionar. Lula tem se mostrado cauteloso na escolha, especificamente na indicação de um candidato que pode atender ao interesse de diferentes facções, enquanto evita tensões com seus aliados. Entre os potenciais candidatos, Maria Marluce Caldas, procuradora de Justiça, emergiu como a favorita, suscitando uma série de discussões internas.
Marluce, que inicialmente era considerada a azarona, desestabilizou o que parecia um cenário favorável para Sammy Barbosa, ex-candidato apoiado por Davi Alcolumbre e vários ministros do STF, entre eles Gilmar Mendes e Alexandre de Moraes. Essa reviravolta não apenas reacendeu a luta por influência política, mas também expôs rivalidades antigas.
Os principais atores da disputa
No campo político, o governador Paulo Dantas e o clã Calheiros, que envolve figuras conhecidas como o senador Renan Calheiros e o ministro dos Transportes, Renan Filho, se opõem a Marluce. De outro lado, Arthur Lira, presidente da Câmara, é um defensor da indicação de sua tia, Maria Marluce, e está determinado a fazer isso acontecer, expresso pela disposição de romper laços com o PL, partido do ex-presidente Jair Bolsonaro.
Essa batalha política não é apenas sobre quem ocupa a vaga do STJ, mas também uma jogada estratégica nas eleições, já que além de Lira, JHC, o prefeito de Maceió, tem suas ambições políticas. Ele tentou deixar claro que está aberto a novas alianças e disposto a traçar novos caminhos, o que gerou desconfiança entre os aliados de Lira.
Planos em conflito
Recentemente, JHC notificou Lira sobre sua conversa com Lula, onde tocou no assunto de mudar do PL para o PSB, o que reforçou a tensão entre os dois aliados. Um interlocutor próximo ao prefeito comentou a possibilidade de um rompimento político iminente entre JHC e Lira, algo que poderia mudar fundamentalmente o cenário político na região.
“Se Lula tivesse o apoio de Lira, essa indicação já teria acontecido”, disse a fonte a parciais sobre o fechamento de alianças na região. Recentemente, a exoneração de servidores ligados a Lira na Prefeitura de Maceió foi vista como um sinal de que a relação está se deteriorando.
A reação dos aliados
Os aliados de Lira expressam uma mistura de indignação e preocupação em relação ao jogo duplo que observa em curso. Lira está cauteloso e aguarda sinais claros de JHC em relação a suas intenções políticas futuras, o que envolve desde sua participação na corrida ao governo estadual até sua iminente candidatura ao Senado em 2026. O medo é que JHC, se bem-sucedido, possa endossar a candidatura de Marluce e, em última análise, enfraquecer Lira em seus próprios planos.
As movimentações políticas em Alagoas foram descritas por membros do STJ como uma “Faixa de Gaza”, devido ao nível de disputa e intriga que tomou conta do cenário local. Enquanto os adversários se atacam, Paulo Dantas, o governador alinhado ao clã Calheiros, tenta se posicionar como um moderador, endossando Sammy Barbosa e rechaçando Marluce, na esperança de garantir um maior controle político na região.
Conclusão
A corrida pela vaga no STJ exemplifica como a política pode ser complexa e interligada, onde cada movimento é meticulosamente calculado. Com as eleições se aproximando, quem for nomeado poderá ter um impacto significativo nas dinâmicas políticas não apenas em Alagoas, mas em todo o país. O que se observa é um jogo intricadamente ligado, onde alianças e rivalidades se entrelaçam, e onde o papel de cada ator continua a evoluir à medida que novas estratégias são desenvolvidas.