O CEO da C&A, Paulo Correa, revelou em entrevista exclusiva à coluna que a varejista está investindo na inteligência artificial (IA) para acelerar a criação de modelos de moda e ampliar seu sortimento. Correa também comentou sobre o impacto da alta da taxa Selic e anunciou planos de reforma em todo seu parque de lojas no Brasil.
Inteligência artificial transforma o desenvolvimento de produtos na C&A
Desde o IPO em 2019, a companhia vem implementando tecnologias avançadas, especialmente no uso de dados. Correa explicou que, hoje, é possível consolidar informações de desempenho de produtos e lojas, além de monitorar tendências em redes sociais e sites internacionais de moda. “Isso resulta em uma plataforma que nos permite propor histórias e modelos com muito mais assertividade”, afirmou. Segundo ele, a IA possibilita criar diversas possibilidades em minutos, tarefas que antes levavam meses, aumentando produtividade e antecipando a demanda.
Impacto na criatividade e resistência do time
Questionado sobre a resistência do time criativo, Correa destacou que a IA atua como um “superpoder”, não substituindo os profissionais, mas ampliando suas possibilidades. “Ela dá mais poder e permite fazer mais com o mesmo investimento”, afirmou.
Futuro próximo: coleções quase individuais
Correa adiantou que a IA permitirá criar coleções quase que sob medida para cada consumidor, aumentando a satisfação e oferecendo maior diversidade de sortimento para diferentes corpos e perfis. Apesar de ainda não ter uma previsão exata, ele acredita que será possível gerar, em breve, peças personalizadas com apenas um clique, como uma peça exclusiva para o cliente.
Adaptação à concorrência rápida e às mudanças regulatórias
Sobre a competição com empresas como Shein, Correa afirmou que a C&A estuda seus concorrentes e incorpora tendências interessantes para o consumidor, mantendo seus valores de fornecimento ético e sustentável. Quanto às plataformas estrangeiras, o CEO reconhece melhorias nas regras de tributação, mas ressalta que ainda há desigualdade, pois elas pagam menos impostos em comparação com os varejistas nacionais.
Desafios geopolíticos e impacto no mercado
Correa comentou que, apesar das disputas comerciais entre EUA e China, o impacto no Brasil tem sido limitado até o momento. “Não vemos uma mudança significativa na importação, e o mercado continua flexível”, afirmou. Ele também reforçou que o ESG não morreu, apesar das mudanças na política dos EUA, e que a C&A continuará suas práticas sustentáveis por crença e compromisso.
Resultados financeiros e planos de investimento
Apesar de a ação da C&A ter saltado 136% no ano passado, Correa garante que o cenário de juros elevados ainda não freou o bom momento da empresa. “A economia permanece resiliente, e o impacto do aumento da Selic ainda não foi sentido de forma negativa”, disse. A companhia planeja investir entre R$ 300 milhões e R$ 400 milhões este ano, focando em tecnologia, logística e na renovação do visual das lojas.
Reforma do parque de lojas e expectativas
Correa revelou que a rede reformou nove lojas no final do ano passado como projeto piloto, já registrando resultados positivos. A estratégia é ampliar essa renovação em todo o país nos próximos anos, além de abrir até sete novas lojas até o final de 2025, com um novo conceito de visual modernizado.
Segundo o CEO, esses investimentos visam manter a competitividade da C&A frente às rápidas mudanças do mercado de moda e tecnologia. “Vamos acelerar esse processo de transformação, sempre buscando inovação e satisfação do cliente”, concluiu.
Para mais detalhes, confira a entrevista completa na Fonte original.