No último dia 30 de maio, o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP), prestou depoimento ao Supremo Tribunal Federal (STF) como testemunha de defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). A audiência faz parte de uma investigação sobre uma suposta trama golpista ligada aos acontecimentos pós-eleições de 2022. Tarcísio destacou que, após a derrota de Bolsonaro nas eleições, o ex-presidente estava “triste, resignado” e nunca manifestou qualquer intenção de romper a ordem democrática.
Conversa sobre preocupações nacionais
Durante o depoimento, que teve a condução do ministro Alexandre de Moraes, Tarcísio falou sobre as frequentes conversas que manteve com Bolsonaro após a eleição de Luiz Inácio Lula da Silva (PT). “Ele temia que o Brasil desandasse com a posse do presidente Lula”, afirmou o governador, ressaltando que o único tema abordado por Bolsonaro se concentrava nos riscos que o país enfrentava sob a nova liderança. “O governo passou por uma grave crise. Era uma preocupação de que a coisa sempre desandasse”, relatou Tarcísio.
“A gente conversava basicamente sobre isso”, disse o governador, enfatizando a relação de apoio e aconselhamento que Bolsonaro lhe oferecia.
Tarcísio também mencionou que Bolsonaro lhe incentivava a “acertar, fazer a coisa correta”, compartilhando experiências sobre os altos e baixos da gestão. “Era uma preocupação enorme com o futuro, especialmente com o pressuposto de que o governo Lula assumiria”, revelou.
Bolsonaro durante os atos de 8 de janeiro
Quando questionado sobre a possível participação de Bolsonaro nos atos de vandalismo ocorridos em 8 de janeiro, quando os prédios dos Três Poderes em Brasília foram depredados, Tarcísio teve uma resposta clara. Ele enfatizou que “o presidente nem sequer estava no Brasil” no dia dos acontecimentos e reiterou que nunca houve menção sobre a possibilidade de um golpe de Estado por parte de Bolsonaro durante suas conversas.
Implicações futuras do depoimento
Tarcísio De Freitas também afirmou: “Tivemos várias conversas, jamais tocou nesse assunto. Jamais mencionou qualquer tipo de ruptura”. Essa declaração pode impactar significativamente o desdobrar do caso, mostrando que, segundo a defesa, não havia indícios de que Bolsonaro planejava desestabilizar a democracia após a eleição.
Desistência de testemunhas
No mesmo contexto, a defesa do ex-ministro da Justiça Anderson Torres desistiu do depoimento do presidente do Partido Liberal (PL), Valdemar Costa Neto, relacionado à mesma ação penal que investiga a tentativa de golpe de Estado. Os advogados solicitaram a desistência de outras testemunhas, incluindo o deputado federal Ubiratan Sanderson (PL-RS) e o juiz federal Sandro Nunes Vieira.
Até o momento, 46 testemunhas foram ouvidas por videoconferência, e duas apresentaram declarações escritas. As defesas já abriram mão de ouvir 16 testemunhas inicialmente listadas, restando ainda 21 para serem interrogadas. A previsão é que a conclusão das audiências ocorra em 2 de junho, com nove depoimentos agendados para esta sexta-feira.
A situação política no Brasil continua complexa, e as implicações das falas de Tarcísio de Freitas podem reverberar em discussões sobre a governança e a responsabilidade política no país, em um momento em que a polarização política ainda é um tema central na sociedade brasileira.