O crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) de 2025, registrado em torno de 2,2% a 2,3%, reacendeu expectativas de recuperação econômica, mas também trouxe preocupações acerca da inflação, segundo economistas consultados. Apesar do resultado positivo, as projeções para o ano indicam uma desaceleração gradual na economia brasileira.
Perspectivas para o crescimento e riscos inflacionários
Com o resultado, as projeções para o PIB de 2025 passaram a ter um viés de alta, embora com expectativa de desaceleração nos próximos trimestres. Luis Otávio Leal, sócio e economista-chefe da G5 Partner, manteve a previsão de crescimento de 2,3% para o ano, acrescentando um viés de alta à estimativa.
Segundo Natalie Victal, economista-chefe da SulAmérica Investimentos, o resultado do PIB, estimado em 2,2%, deve impulsionar revisões otimistas nas projeções de mercado, que se aproximam da previsão de 2,5% para o ano. “O carregamento estatístico explica grande parte desse crescimento, mas há sinais de recuperação moderada da demanda doméstica”, explicou.
Impacto na política monetária e expectativas do Banco Central
Apesar do avanço, o Banco Central avalia o dado do PIB como um “copo meio cheio, meio vazio”. Não espera que a alta do PIB por si só motive uma mudança na política de juros, que deve permanecer em 14,75% até o fim de 2025, conforme reafirmado por Natalie.
Para Igor Cadilhac, economista do PicPay, a desaceleração deve ser moderada ao longo do ano, com crescimento estimado em 2,2%, sustentado por setores como o agronegócio e a indústria extrativa. No entanto, há risco de intensificação da desaceleração a partir do segundo trimestre, o que pode levar à estagnação econômica.
Setores em destaque e cenário de demanda interna
A produção industrial do Rio de Janeiro, por exemplo, cresceu 4,2% entre janeiro e março, marcando o maior avanço desde o quarto trimestre de 2023. Esse dado, segundo especialistas, deve refletir em revisões positivas e reforça a visão de uma recuperação sustentável da economia local.
Rodolfo Margato, economista da XP Investimentos, destacou que o mercado de trabalho forte e as recentes medidas de estímulo podem manter a demanda interna aquecida, influenciando positivamente as projeções de crescimento para o segundo trimestre, que deve alcançar 0,5%. Ainda assim, acredita-se que a desaceleração seja suave e controlada.
Riscos e projeções para o segundo semestre
Relatórios de instituições financeiras, como o JP Morgan, apontam para uma desaceleração gradual na atividade econômica, devido aos efeitos cumulativos do aperto monetário, condições de crédito mais restritivas e impulso fiscal negativo. O banco elevou sua estimativa de crescimento para o segundo trimestre de 1,5% para 2,2%, embora mantenha cautela quanto à continuidade dessa recuperação.
De modo geral, o cenário sugere que o mercado de trabalho forte e o desempenho positivo de setores privilegiados atuarão como sustentáculos, mas medidas de política monetária e sinais de controle inflacionário continuarão a influenciar as decisões do Banco Central. A expectativa é que a taxa Selic permaneça inalterada até o final do ano, mantendo a estabilidade da política de juros.
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