O caso que chocou o Brasil chegou ao seu desfecho nesta sexta-feira (30). Paulo Cupertino foi condenado a 98 anos e 9 meses de prisão em regime fechado pelo triplo homicídio de Rafael Miguel e seus pais, ocorrido em 2019. A decisão foi proferida no Fórum Criminal da Barra Funda, em São Paulo, no segundo dia do julgamento que atraiu a atenção da mídia e da sociedade.
Detalhes do julgamento
Cupertino foi considerado culpado de homicídio triplamente qualificado. Durante o julgamento, seus dois co-réus foram absolvidos, um desfecho que surpreendeu muitos que acompanhavam o caso. O Ministério Público apresentou uma narrativa sólida, sustentada por provas materiais e testemunhos, evidenciando a participação de Cupertino nos crimes. A fuga do réu por mais de três anos, passando por mais de 300 endereços em 10 estados e até em países vizinhos, foi citada como uma agravante que pesou na decisão da justiça.
Argumentos do Ministério Público
O promotor Thiago Marin assumiu a liderança da acusação, apresentando uma montagem com fotos, vídeos e depoimentos que visavam estabelecer a culpabilidade de Cupertino. Emocionado ao se dirigir aos familiares de Rafael, Marin declarou: “Não há encarceramento maior do que viver com o luto de um familiar.” Ele enfatizou a necessidade de justiça para que a família das vítimas não enfrentasse um segundo luto, instando os jurados a fazerem o que o Brasil esperava há anos.
A sequência dos acontecimentos foi detalhada por Marin, que inclusive exibiu uma simulação em 3D mostrando a dinâmica do crime. Ele trouxe à tona a raiva do réu, expressa em depoimento do irmão de Cupertino, ao saber que a filha poderia trabalhar com Rafael. “O autor do crime é Paulo Cupertino e mais ninguém,” reforçou Marin, desafiando a defesa a apresentar uma alternativa plausível para o crime.
A defesa de Cupertino
Em contrapartida, a defesa argumentou na inocência de Cupertino, insistindo que não havia provas concretas que pudessem ligá-lo diretamente ao crime. As advogadas buscaram deslegitimar as evidências apresentadas pelo Ministério Público, alegando que a fuga do réu foi motivada por um “linchamento midiático.” Elas também levantaram questionamentos sobre a eficácia das perícias, incluindo a origem de um spray de pimenta encontrado no local do crime.
Defensores de co-réus, Wanderley Senhora e Eduardo Machado, também levantaram suas vozes no tribunal, alegando que seus clientes foram cooptados ou coagiados por Cupertino. A tensa situação no tribunal foi palpável, com promotores e defensores trocando farpas durante as argumentações.
Reações e repercussão
A condenação de Paulo Cupertino foi amplamente divulgada e provoca discussões sobre segurança pública e justiça no Brasil. Este caso em particular destaca as falhas e desafios do sistema penal, que muitas vezes se vê às voltas com fugas longas e complicações processuais. “Hoje, fazemos um apelo à justiça,” concluiu Marin, num tom que transparecia a pressão da opinião pública e de famílias que anseiam por uma resolução justa.
Ao término do julgamento, a defesa pediu uma pena branda, caso o réu fosse condenado, com a possibilidade de recurso em liberdade. Essa solicitação ecoa a preocupação sobre a severidade das sentenças no Brasil, onde debates sobre a adequação das penas são constantemente realizados.
Este caso continua a evoluir, e as repercussões da sentença proferida contra Paulo Cupertino provavelmente afetarão o debate público sobre justiça e segurança nas próximas semanas.
*Reportagem em atualização