Apesar do sucesso no controle da inflação e das melhorias nas contas públicas, o governo de Javier Milei na Argentina apresenta um lado menos divulgado: ações autoritárias que preocupam analistas e críticos. Se os resultados econômicos impressionam, as práticas de repressão e perseguição ameaçam a democracia do país.
Avanços econômicos sob o mandato de Milei
Desde sua eleição, Milei tem sido reconhecido por sua política de austeridade fiscal e combate à inflação, essenciais para estabilizar a economia. Em 2024, o país ajustou seus gastos em mais de 4% do PIB, uma conquista considerada improvável por muitos economistas. Segundo dados do Ministério da Economia, o país também registrou um superávit de R$ 17,8 bilhões em abril, o melhor resultado para o período desde 2022 (Fonte). Para especialistas, esses números demonstram eficácia na condução econômica, especialmente na luta contra a inflação, que caiu para cerca de 2% a 3% ao mês no início de 2025.
O lado autoritário do governo Milei
Perseguição a críticos e censura
No entanto, há um lado obscuro no governo Milei, especialmente na forma repressiva de lidar com opiniões contrárias. Há uma “caçada” midiática contra aqueles que criticam aspectos do governo, mesmo que compartilhem suas ideias gerais. Economistas, políticos de centro e jornalistas que manifestam reservas enfrentam ataques virtuais intensos, com ameaças de insultos e ofensas de todo tipo, alimentados por algoritmos de bots que invadem celulares e redes sociais (Fonte).>
Segundo fontes próximas ao governo, Santiago Caputo, considerado o “Rasputin” de Milei, lidera uma estrutura de espionagem e controle que atua de forma impune, sem responder a órgãos oficiais. Participações em atos políticos exibiram comportamentos autoritários, como manifestações de intolerância e agressões verbais, que remetem a práticas repressivas e até intimidatórias.
Repressão nas redes e ataques pessoais
Recentemente, uma plataforma governamental promoveu uma enquete que perguntava se o povo preferiria um país democrático ou autoritário, sob o pretexto de promover a “eficácia” na gestão. A resposta evidente foi a de que há riscos reais ao sistema democrático, sobretudo em um momento em que o presidente insiste em desqualificar instituições e políticos, chamando-os de “ninho de ratos” e “cambada de ladrões”.
Essa postura tem contribuído para uma atmosfera de intolerância crescente, onde críticas legítimas são silenciadas por um exército digital agressivo. O jornalista vinculado ao peronismo que recebeu agressões físicas recentemente exemplifica o grau de animosidade institucionalizada no país (Fonte).
Consequências para a democracia argentina
Para analistas, as ações do governo de Milei representam um risco real de erosionar o sistema de freios e contrapesos e abrir caminho para tendências autocráticas. Uma enquete realizada por uma plataforma oficial evidencia esse clima de polarização, ao colocar em dúvida se a prioridade deve ser o bom desempenho econômico ou o respeito às liberdades individuais. Como dizem os argentinos, “batir na tecla” de que o sucesso econômico pode vir à custa da democracia não é uma questão fácil de resolver.
Embora os avanços econômicos sejam inegáveis, a continuidade desses fatores depende do equilíbrio entre eficiência e respeito às instituições e aos direitos civis. A história mostra que regimes que perseguem opositores e criminalizam críticas tendem a se consolidar de forma autoritária, com consequências imprevisíveis para o futuro republicano na Argentina.