A agência de classificação de risco Moody’s anunciou nesta sexta-feira (30) a redução da perspectiva da nota do Brasil de positiva para estável, apesar de reafirmar a nota de emissor de longo prazo em moeda local e estrangeira.
Contexto e importância da mudança de perspectiva
A Moody’s havia elevado a nota de crédito do país em outubro de 2024, deixando o Brasil a um passo do grau de investimento, perdido em 2016. Segundo a agência, a mudança na previsão reflete uma maior preocupação com a capacidade de pagamento da dívida do país.
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A agência explica que “a mudança da perspectiva reflete uma redução dos riscos positivos de crédito, diante de um agravamento acentuado da capacidade de pagamento da dívida e de um progresso mais lento do que o esperado na redução da rigidez dos gastos e na credibilidade da política fiscal”.
Razões para o rebaixamento e pontos fortes do país
Apesar da redução da perspectiva, a Moody’s mantém o rating no grau “Ba1”, o 11º nível em uma escala que possui 21 graus. A agência destaca o tamanho e a diversificação da economia brasileira e sua baixa vulnerabilidade a choques externos.
Analistas ressaltam que o ciclo atual de aperto monetário, com a taxa básica de juros em 14,75% ao ano, provoca um aumento substancial nos pagamentos de juros, levando a déficits fiscais maiores e maior endividamento em 2025 e 2026, do que o previsto anteriormente.
A relação entre dívida pública e PIB deve se estabilizar em torno de 88%, um aumento comparado aos 82% previstos há sete meses, segundo a Moody’s.
Próximos passos e fatores que podem alterar a nota
A agência indica que reformas estruturais mais profundas, como redução de vinculações, reforma de benefícios sociais ou ajustes no arcabouço de política monetária, poderiam elevar a nota do país.
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- Risco de rebaixamento: Caso haja reversão das políticas fiscais ou deterioração econômica e de confiança dos investidores, a nota pode ser rebaixada.
Segundo a Moody’s, esforços de consolidação fiscal, mesmo que graduais, devem contribuir para a estabilização do endividamento no médio prazo, apesar do progresso limitado até aqui.
Impactos e projeções futuras
O documento aponta que, apesar do atual ciclo de política monetária e dos desafios fiscais, a trajetória de crescimento da economia brasileira deve se manter em torno da 10ª maior economia até o fim da década, conforme previsão do FMI.
Para avançar na melhora do rating, o Brasil precisa avançar nas reformas que fortalecem a credibilidade das políticas econômicas e fiscais, ponto destacado na análise da Moody’s.
A relação entre dívida e PIB deve se manter em torno de 88% nos próximos cinco anos, sugerindo que o país continuará com um elevado nível de endividamento relativo ao seu tamanho econômico.
Fonte: O Globo – Moody’s altera perspectiva da nota do Brasil por agravamento fiscal