A agência de classificação de risco Moody’s anunciou nesta sexta-feira (30) a manutenção da nota de crédito soberano do Brasil em Ba1, porém com uma mudança importante na perspectiva, que saiu de positiva para estável. A decisão evidencia as crescentes preocupações com a trajetória fiscal do país, diante das dificuldades do Governo Federal em cumprir as metas de resultado primário previstas no novo arcabouço fiscal.
Perspectiva estável apesar da nota ainda abaixo do grau de investimento
A classificação em Ba1 permanece abaixo do grau de investimento, um selo que indica baixo risco para investidores internacionais. Segundo a Moody’s, embora o Brasil apresente fundamentos econômicos sólidos, como reservas internacionais abundantes e um sistema bancário resistente, as incertezas fiscais dificultam a progressão para uma nota mais elevada.
“A deterioração das metas fiscais e a menor probabilidade de consolidar as contas públicas nos próximos anos enfraquecem a tendência de melhora observada anteriormente”, afirmou a agência em comunicado oficial. A Moody’s ressaltou que o cenário fiscal, incluindo a dificuldade do governo em atingir a meta de déficit zero em 2024 — agora estimada em aproximadamente 0,8% do PIB —, é o principal fator por trás da revisão.
Reações do governo brasileiro
Em resposta, a Secretaria do Tesouro Nacional afirmou que o governo mantém o foco na recuperação das contas públicas, priorizando a arrecadação e o controle de despesas. “O Ministério da Fazenda reafirma seu compromisso com a melhoria contínua dos resultados fiscais e com o avanço de reformas estruturais essenciais para o crescimento econômico de longo prazo e o equilíbrio fiscal”, declarou o órgão.
O documento destaca que esforços institucionais, como a recente aprovação de uma ampla reforma tributária, contribuem para a modernização do Estado e para melhorar o ambiente de negócios. A Secretaria também reforçou que a estratégia de reformas e ajustes fiscais continuará sendo prioridade.
Cenário fiscal preocupa as perspectivas econômicas
A principal preocupação da Moody’s está na sustentabilidade das contas públicas no médio prazo. O governo tem enfrentado dificuldades para ampliar receitas sem aumentar substancialmente a carga tributária, enquanto lida com pressões por mais gastos em áreas sociais e investimentos.
Implicações para o Brasil e recomendações da Moody’s
A manutenção da nota em Ba1 indica que o Brasil ainda está relativamente bem posicionado entre os emissores de alto rendimento, mas sem perspectiva de avanço imediato para o grau de investimento. Para isso, a Moody’s recomenda que seja adotado um compromisso mais firme com o equilíbrio fiscal, estabilidade política e reformas que elevem a produtividade e promovam o crescimento econômico.
Segundo análise da agência, o país precisa consolidar suas políticas fiscais e continuar no caminho das reformas para melhorar sua avaliação de risco e potencialmente alcançar o grau de investimento em um futuro próximo. A confiança do mercado dependerá do avanço das ações governamentais nas áreas fiscais e institucionais.
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