O julgamento de Paulo Cupertino, empresário acusado de assassinato do ator Rafael Miguel e de seus pais, João Alcisio e Miriam Selma, prossegue no Fórum Criminal da Barra Funda, Zona Oeste de São Paulo. Neste segundo dia de julgamento, marcado para a manhã desta sexta-feira (30), são esperados novos depoimentos e muita tensão, já que o réu enfrenta acusações de triplo homicídio duplamente qualificado.
Contexto do crime
Em junho de 2019, o crime chocou a sociedade brasileira. Cupertino teria disparado 13 tiros que resultaram na morte brutal de Rafael e de seus pais. O motivo, segundo investigações do Ministério Público, seria a desaprovação do empresário em relação ao relacionamento de sua filha, Isabela Tibcherani, com o jovem ator, que tinha 22 anos à época.
Rafael Miguel era conhecido por seu papel na novela “Chiquititas” e tinha uma carreira promissora no meio artístico. A relação conturbada entre Isabela e Paulo Cupertino se agravou antes do trágico evento, segundo relatos de testemunhas. Isabela, que chegou a ser vítima de agressões por parte do pai, relatou em seu depoimento como sua relação com ele era opressiva e controladora.
Desenvolvimentos do julgamento
No primeiro dia do julgamento, que se estendeu por mais de seis horas, Cupertino foi interrogado e se declarou inocente. Ele alegou não ter motivos para cometer o crime, apresentando uma postura nervosa e defensiva, durante sua fala. O empresário negou que as vítimas fizessem parte de um plano premeditado, afirmando em suas palavras: “Impossível eu ter cometido esse crime.” Ele, no entanto, se negou a depor para o Ministério Público e para a acusação.
Durante o interrogatório, que durou cerca de duas horas, Cupertino foi questionado pela defesa, com a qual ele interagiu, mas manteve-se em silêncio frente à acusação. Sua chegada algemada e escoltada por policiais militares reforçou a gravidade da situação e a atenção midiática em torno do caso.
Depoimentos impactantes
Uma das testemunhas mais impactantes foi a filha de Cupertino, Isabela, que compartilhou detalhes de sua relação conturbada com ele. Em depoimento, ela relatou como seu pai controlava todos os aspectos de sua vida, chegando a isolá-la de amigos e proibi-la de sair de casa. O relato de Isabela trouxe à luz um histórico de violência doméstica que culminou na tragédia: “Ele passou a me prender mais e isolar mais ainda”, disse, mostrando a dor que ainda carrega. Observando o desenrolar do julgamento, a jovem afirmou que torce pela condenação do pai.
A ex-esposa de Cupertino, Vanessa, também testemunhou, revelando um padrão de abuso e controle que experimentou durante o casamento. Ao descrever agressões físicas e psicológicas, ela trouxe à tona a personalidade violenta do ex-marido, algo que repercutiu intensamente no público presente. Esses depoimentos, emocionalmente carregados, destacaram não apenas a tragédia familiar, mas também os efeitos devastadores da violência doméstica.
Rumo ao veredicto
O júri popular, que conta com sete cidadãos, será responsável pelo destino de Cupertino e dos outros réus, Wanderley Antunes e Eduardo Machado, que são acusados de favorecimento pessoal por ajudarem Cupertino a fugir após o crime. O juiz Antonio Carlos Pontes de Souza preside o caso, que envolve questões delicadas não apenas de direito penal, mas também de dinâmicas familiares e sociais complexas.
O julgamento segue a expectativa da sociedade, que aguarda um desfecho para um caso que não só tirou a vida de uma jovem promissora e seus pais, mas que também ressoa com várias questões de violência e controle familiar. Neste segundo dia de depoimentos, espera-se que mais luz seja lançada sobre os detalhes do crime e as circunstâncias que levaram a essa tragédia desoladora.
A decisão final do júri será um momento crucial, não apenas para as famílias das vítimas, mas também para a sociedade que clama por justiça em casos de violência, especialmente quando envolvem jovens que tinham ainda todo um futuro pela frente.
Os desdobramentos deste caso continuam a ser um foco de atenção, não apenas da mídia, mas principalmente dos cidadãos que acompanham atentos os passos da Justiça.