Durante uma visita a um assentamento no interior do Paraná, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, expressou sua insatisfação em relação às críticas que tem recebido e ao “sofrimento” de ser ministro em Brasília. A pressão sobre Haddad parece aumentar, especialmente considerando o clima tenso na capital, onde os desafios políticos se acumulam.
Críticas e pressões no Planalto
Desde que assumiu o cargo, Haddad tem enfrentado fogo amigo, tanto dentro do Planalto quanto no PT. As divergências começaram a se intensificar com a rejeição ao aumento do IOF (Imposto sobre Operações Financeiras), que se tornou um ponto focal de discussões acaloradas no Congresso. A insatisfação se traduziu em uma série de exigências por parte dos parlamentares, que pedem a revogação desse aumento.
Na quarta-feira, Haddad buscou convencer líderes do Senado e da Câmara sobre a necessidade do aumento do imposto, apresentando um cenário alarmante: sem o incremento na arrecadação, o governo não teria como fechar as contas, levando a um colapso da máquina pública. Contudo, essa estratégia não teve o efeito desejado, já que os parlamentares permaneceram insensíveis ao apelo.
A pressão do Congresso e o ultimato de Hugo Motta
Ontem, o deputado Hugo Motta intensificou a pressão sobre o ministro, emitindo um ultimato público: Haddad tem dez dias para apresentar um “plano alternativo” ou o decreto presidencial que aumenta o IOF será derrubado. Motta deixou claro que o Congresso tem um “espírito público” e não deseja “botar fogo no país”, mas parece disposto a queimar a imagem do ministro, que já está desgastada desde o final de 2023.
As tensões se agudizam ainda mais devido a ações controversas de Haddad, que, ao tentar equilibrar cortes de gastos com promessas de isenção do Imposto de Renda, acabou perdendo apoio. A combinação de medidas impopulares e a recente alta do dólar apenas acentuaram a inflação, gerando uma queda na aprovação do governo.
Problemas de planejamento e a rejeição ao aumento do IOF
A decisão de aumentar o IOF se revelou mal planejada, obrigando Haddad a recuar e desistir de aumentar a alíquota para investimentos no exterior. Agora, o ministro se vê em uma posição desconfortável, sem aliados claros para culpar pelos novos infortúnios que afligem sua gestão.
A expectativa em relação à sua capacidade de reverter a situação é baixa. O presidente da Câmara, que afirmou que o país “está cansado de aumento de impostos”, retoma um discurso fácil e popular, mesmo que contraditório às práticas orçamentárias habituais dos parlamentares.
Emendas e gastos parlamentares
Vale ressaltar que, no Orçamento de 2025, foram reservados R$ 50 bilhões para emendas dos deputados e senadores, um valor que ultrapassa em mais de duas vezes os R$ 19 bilhões que o governo pretende arrecadar com a alta do IOF neste ano. Essa discrepância revela um grande desafio para Haddad, que deve justificar a necessidade de mais recursos à frente de um Congresso que parece determinado a proteger seus próprios interesses financeiros.
Questionado sobre os gastos excessivos do Congresso, Motta reafirmou que os parlamentares continuarão a exigir cortes do governo, mas não estão dispostos a abrir mão de suas emendas. “Criminalizar as emendas é criminalizar a política”, declarou, sem hesitar.
Com as crescentes pressões e o aumento das críticas, Fernando Haddad se encontra em uma encruzilhada política desafiadora, onde suas decisões nas próximas semanas podem determinar seu futuro político e a estabilidade econômica do país.