A economia do Brasil apresentou uma alta de 1,4% no primeiro trimestre de 2025 em comparação com o último trimestre de 2024, maior que a registrada pelos Estados Unidos, União Europeia e países do G7, informou nesta sexta-feira (30) o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Além disso, o desemprego atingiu seu menor índice histórico, de 6,6%, e a renda média do brasileiro chegou ao recorde de R$ 3.057 mensais.
Incertezas nas contas públicas e riscos para a estabilidade econômica
Apesar do desempenho positivo, o cenário fiscal preocupa o governo. Especialistas apontam que o crescimento econômico está fortemente ligado aos gastos públicos elevados para estimular a atividade econômica. Segundo analistas, a gestão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem uma capacidade limitada de sustentar esses gastos sem comprometer as contas públicas.
Se os gastos ultrapassarem os limites estabelecidos pelo arcabouço fiscal, há risco de aumento dos juros, pois o mercado passa a duvidar da capacidade do Brasil de pagar suas dívidas, elevando o custo do crédito. Além disso, gastos excessivos tendem a gerar inflação, devido ao aumento desproporcional da demanda por bens e serviços.
Impacto dos juros altos na economia brasileira
Atualmente, a taxa básica de juros está em 14,75%, a maior dos últimos 20 anos e uma das mais elevadas do mundo. Essa política de juros altos atua como freio à recuperação econômica, restringindo investimentos e o acesso ao crédito. Paralelamente, a inflação, que já superou o teto da meta no fim de 2024, permanece uma preocupação, embora tenha registrado sua menor variação desde 2020 em maio deste ano.
Medidas do governo e resistência no Congresso
Na semana passada, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, anunciou uma redução de R$ 31 bilhões no orçamento, incluindo cortes de R$ 7 bilhões em emendas parlamentares e R$ 24 bilhões em gastos dos ministérios, para manter o déficit dentro do limite estabelecido pelo arcabouço fiscal. Além disso, foi anunciada uma elevação das alíquotas do Imposto sobre Operação Financeira (IOF), que deve gerar R$ 20 bilhões em arrecadação em 2025.
No entanto, a medida do governo encontra resistência no Congresso, que pode eventualmente derrubar o aumento do imposto. A disputa reflete as dificuldades políticas de implementar ajustes fiscais necessários para equilibrar as contas públicas e sustentar o crescimento econômico.
Perspectivas futuras e desafios
Apesar do crescimento expressivo no início de 2025, o governo precisa equilibrar estímulos econômicos com a responsabilidade fiscal. A continuidade do crescimento dependerá, em grande parte, da capacidade de controlar os gastos públicos e de assegurar a sustentabilidade das políticas econômicas, sem exacerbar a inflação ou gerar instabilidade financeira.