O Bradesco conseguiu, nas últimas semanas, uma decisão judicial favorável para realizar uma perícia econômico-contábil na Mover, antiga Camargo Corrêa, uma das principais credoras do banco. O banco alega que houve “esvaziamento patrimonial” do grupo a partir de 2010, enquanto ocorriam pagamentos de dividendos bilionários aos acionistas controladores, em meio a investigações policiais.
Decisão judicial mantém perícia limitada ao período pós-crédito
A Justiça de São Paulo, por meio da 4ª Vara Cível, decidiu pela realização da perícia, que será restrita ao período posterior à concessão de crédito do Bradesco à antiga Camargo Corrêa. O grupo recorreu da decisão, mas a limitação foi mantida, reforçando a tentativa do banco de avaliar o patrimônio do grupo após o início de suas dificuldades financeiras.
Bradesco critica a imagem da Camargo Corrêa e a troca de nome para Mover
Na petição inicial, o Bradesco utilizou palavras duras contra a Mover, que passou a adotar esse nome após acordos de leniência na operação Lava Jato. Segundo o banco, “a Mover não é uma empresa, mas uma campanha de marketing” criada pelos controladores da antiga empreiteira para “disfarçar” seu histórico polêmico.
Acusações de tentativa de blindagem patrimonial
O banco afirmou que a troca de nome visa apenas “artificialmente dissociar” os negócios do grupo do histórico da Camargo Corrêa, que deixou dívidas de quase R$ 15 bilhões. “É uma tentativa de livrar a família controladora de responder pelos prejuízos decorrentes de atos ilícitos”, criticou o Bradesco.
Repercussões no meio jurídico e opiniões
Observadores jurídicos veem o tom do Bradesco como agressivo. Em suas manifestações, o banco também afirmou que a mudança de nome não apagou a ligação com o passado da antiga construtora. Argumenta que os mesmos acionistas controladores continuam à frente dos negócios, mesmo sob o novo nome.
Contexto da operação Lava Jato e o impacto no grupo
A Camargo Corrêa, uma das maiores construtoras brasileiras, entrou em crise após investigações da Lava Jato, que revelaram corrupção e manipulação financeira. Com acordos de leniência assinados, o grupo tenta reescrever sua história, enquanto enfrenta dificuldades financeiras que comprometem seu patrimônio.
Próximos passos na disputa judicial
O processo agora seguirá a avaliação da perícia, que deve fornecer esclarecimentos sobre a situação patrimonial da antiga Camargo Corrêa após 2010. A expectativa do Bradesco é recuperar parte dos créditos de R$ 1,9 bilhão que detém junto à Mover.
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