A tensão e a expectativa marcaram o início do julgamento de Paulo Cupertino Matias, que começou no Fórum Criminal da Barra Funda, em São Paulo, nesta quinta-feira (29). Ele é acusado de assassinar o ator Rafael Miguel e seus pais, João Alcisio Miguel e Miriam Selma Miguel, em um crime brutal ocorrido em junho de 2019. A ex-esposa e a filha de Cupertino estiveram presentes como testemunhas, trazendo relatos perturbadores sobre o réu e sua conduta.
Relembre o crime que chocou o Brasil
O trágico evento que levou o julgamento à tona aconteceu em frente à casa da namorada de Rafael, na zona sul de São Paulo. Após uma discussão, Cupertino é acusado de tirar a vida do jovem e de seus pais de maneira violenta. O caso gerou ampla repercussão na mídia, especialmente por envolver uma figura pública que conquistou o coração de muitos brasileiros através da novela infantil Chiquititas.
Durante o depoimento, Vanessa Tibcherani, ex-esposa de Cupertino, fez acusações graves contra o réu. Ela relatou ter sido agredida em diversas ocasiões, resultando em lesões visíveis. “Ele sempre foi explosivo”, afirmou Vanessa, deixando claro o temor que sentia em relação ao ex-marido. “Apanhei a vida inteira. Se comigo ele fazia, imagina com estranhos”, refletiu ela sobre a brutalidade que Cupertino poderia ter demonstrado no dia do crime.
Acusações de violência e misoginia
Vanessa não se limitou apenas a relatar as agressões físicas. Ela também descreveu Cupertino como um homem misógino, que não tinha carinho pela filha, Isabela. A falta de relações afetivas na família foi um ponto crucial que destacou as dificuldades emocionais enfrentadas por Isabela ao longo dos anos.
Isabela Tibcherani, que também prestou depoimento, confirmou o ambiente de violência e terror em que viveu com o pai. Ela mencionou que Cupertino teria matado um homem que tentava se relacionar com a mãe e fez alegações adicionais de agressões, reforçando a imagem de um pai controlador e abusivo. “Ele nunca me deu um abraço”, disse Isabela, expressando a tristeza por ter crescido em um lar sem amor e afeição.
O papel dos amigos no crime
No mesmo processo, dois amigos de Cupertino, Wanderley Antunes Ribeiro Senhora e Eduardo José Machado, também enfrentam acusações. Eles são acusados de ajudar o réu a fugir e se manter escondido após o crime. O Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP) espera que o julgamento se estenda até sexta-feira (30), e as novas revelações durante o processo devem continuar a chocar a opinião pública.
O julgamento anterior ocorrido em outubro de 2024 foi interrompido devido à decisão de Paulo Cupertino de destituir sua defesa, alegando quebra de confiança, o que gerou a anulação das etapas já realizadas. Desde então, o caso se tornou ainda mais evidente, à medida que detalhes sobre o relacionamento familiar e a tragédia que se desenrolou foram trazidos à tona.
A repercussão do caso e a busca por justiça
O caso de Paulo Cupertino não apenas chamou a atenção da mídia, mas também levantou questões sobre a violência de gênero e o tratamento de mulheres em situações de abusos. As declarações de Vanessa e Isabela revelam a necessidade urgente de uma discussão mais ampla sobre as dinâmicas de poder nas relações familiares e os graves impactos que a violência pode ter sobre as vítimas e suas famílias.
À medida que o julgamento avança, a sociedade brasileira observa atentamente, esperando que a justiça seja feita não apenas para Rafael e seus pais, mas também para todas as vítimas de violência que, muitas vezes, permanecem sem voz e sem justiça. A esperança é que este caso leve a mudanças significativas para a proteção de mulheres e crianças em situações de risco.