Brasil, 2 de junho de 2025
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Governo tenta convencer Congresso a manter aumento do IOF

Com alerta de shutdown, governo defende aumento do IOF para evitar colapso das finanças públicas.

O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem se empenhado em sustentar o decreto que elevou o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF). A justificativa apresentada ao Congresso Nacional é de que a derrubada dessa medida poderia levar a um cenário de paralisação da administração pública, conhecido tecnicamente como shutdown.

O impacto do aumento do IOF

Com a elevação do IOF, o governo busca arrecadar cerca de R$ 20 bilhões, impactando diversas transações, como a compra de moeda estrangeira, remessas ao exterior e operações de crédito. A medida vem acompanhada de um recuo: a taxação sobre o envio de recursos de fundos ao exterior foi eliminada, resultando em uma estimativa de redução de R$ 1,4 bilhão no impacto total.

Sob a pressão de parlamentares e agentes econômicos, o secretário executivo do Ministério da Fazenda, Dario Durigan, revelou que a equipe econômica está explorando possíveis alternativas ao aumento do IOF, mas o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, reafirmou a necessidade do ajuste fiscal e alertou sobre as consequências de uma possível revogação do decreto. Na visão do governo, a queda na arrecadação exigiria um corte adicional nas despesas públicas, aumentando o déficit projetado de R$ 31,3 bilhões para R$ 51,8 bilhões.

Consequências da revogação

Em uma reunião com os líderes do Senado e da Câmara, Haddad enfatizou os riscos que a revogação do decreto teria sobre a operação da máquina pública. Ele advertiu que o não atendimento às metas fiscais poderia levar a um comprometimento severo dos serviços essenciais.

“A revogação do decreto acarretaria em termos de contingenciamento adicional muito delicados para o funcionamento do Estado brasileiro,” afirmou Haddad, sublinhando que não existem alternativas viáveis disponíveis no momento.

Reação do Congresso e do setor bancário

O clima no Congresso é de crescente insatisfação, com vários projetos já protocolados para contestar a medida. O presidente da Câmara, Hugo Motta, assim como Davi Alcolumbre, presidente do Senado, expressaram preocupação em relação ao aumento do IOF. “A discussão não deve ser apenas sobre a revogação, mas sobre a necessidade de um debate estrutural mais amplo em relação à reforma administrativa,” sugeriu Motta.

No setor bancário, a elevação dos custos de crédito é uma preocupação significativa, especialmente para pequenas e médias empresas. O presidente da Febraban, Isaac Sidney, afirmou que a medida poderá causar um aumento da taxa de juros em até 8 pontos percentuais, impactando a acessibilidade do crédito. “O custo efetivo total pode subir de 14,5% para 40% ao ano em operações de curto prazo,” explicou Sidney.

A crise gerada pelo aumento do IOF provocou um novo foco de tensão no governo, com divergências sobre como a situação foi gerida. O apoio à necessidade de medidas sanitárias e a busca por alternativas sustentáveis de receita são vistos como urgentes por autoridades, que acreditam que a resposta do governo à pressão do mercado deve buscar soluções mais equilibradas e menos punitivas ao contribuinte.

Soluções para a equação fiscal

O governo também enviou um projeto ao Congresso que viabiliza a venda da produção de petróleo e gás de alguns campos do pré-sal, uma medida que pode trazer uma arrecadação de R$ 15 bilhões este ano e potencialmente reduzir a pressão sobre finanças públicas, caso a arrecadação do IOF não se concretize como o esperado.

O debate em torno do IOF, portanto, reflete as dificuldades enfrentadas pela gestão Lula em equilibrar a necessidade de arrecadação com a preservação da confiança de mercado e dos compromissos fiscais. A expectativa é que os próximos dias sejam cruciais para o futuro dessa política, especialmente diante de uma oposição tão ativa no Congresso e da pressão do setor econômico.

Enquanto os líderes do Congresso insistem em um diálogo mais aberto com o governo, a sociedade observa as repercussões que uma política tributária cada vez mais rigorosa pode ter nas suas finanças diárias e na recuperação econômica do país.

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