A Fifa divulgou nesta quinta-feira (29) um novo Código Disciplinar, que estabelece medidas mais severas em relação ao racismo e à discriminação no futebol. A nova normativa foi aprovada por unanimidade por 211 Associações-Membro durante um Conselho da entidade realizado em Bangkok, na Tailândia, no último dia 17. Entre as principais mudanças, destaca-se o aumento do valor máximo das multas, que poderá alcançar 5 milhões de francos suíços, equivalentes a aproximadamente R$ 34 milhões. Além disso, as sanções também se tornaram mais rigorosas, permitindo que federações e clubes percam pontos ou sejam expulsos de competições por incidentes de racismo.
Nova abordagem para casos de discriminação
Uma das inovações mais significativas no novo Código é a alteração do artigo 15, que trata especificamente da “Discriminação e Racismo”. O protocolo previamente estabelecido exigia que o árbitro sinalizasse as ocorrências de racismo seguindo três etapas: interromper o jogo, suspender a partida e, em último caso, encerrar o jogo. Com a reforma, agora qualquer jogador ou membro da equipe tem a capacidade de comunicar ao árbitro se tiver sido vítima de racismo. Essa nova abordagem permitirá que o juiz aplique imediatamente o protocolo em resposta a qualquer denúncia de ofensa racista. Caso as ofensas continuem, o árbitro tem a prerrogativa de paralisar ou até mesmo encerrar a partida.
Compromisso da Fifa contra o racismo
O presidente da Fifa, Gianni Infantino, sublinhou a determinação da entidade em combater o racismo no futebol e ressaltou a importância de uma abordagem multidimensional nesse combate. Em um congresso recente em Assunção, Paraguai, Infantino declarou: “Racismo não é só um problema para atacar no futebol, racismo é simplesmente um crime. E por isso estamos trabalhando com diferentes governos e com a ONU para ter certeza de que a luta contra o racismo esteja inserida na legislação criminal de cada país do mundo”. Essas palavras refletem um compromisso profundo de ir além das fronteiras do esporte, buscando transformar o futebol em um modelo de respeito e inclusão.
Poder ampliado da Fifa para intervir em casos de abuso racista
Além de endurecer as sanções, o novo Código Disciplinar também expande a autoridade da Fifa em relação a casos de racismo. A entidade agora se reserva o direito de interpor recurso ao Tribunal Arbitral do Esporte (CAS) contra decisões consideradas inadequadas em casos de abuso racista. Também poderá intervir em situações em que uma Associação-Membro falhe em investigar adequadamente os incidentes de racismo e punir os infratores. Essa mudança é vista como um passo importante para garantir que as organizações não apenas façam declarações inflamadas contra a discriminação, mas que também tomem ações efetivas quando ocorrem incidentes.
A publicação deste novo Código Disciplinar é uma resposta direta às crescentes preocupações sobre o racismo dentro do mundo do futebol e representa um marco na luta do esporte contra a discriminação. As ações da Fifa buscam não apenas disciplinar os infratores, mas também educar jogadores, torcedores e clubes sobre a importância do respeito e da diversidade dentro do esporte.
Com esse novo conjunto de regras, a expectativa é que o futebol se torne um espaço mais seguro e acolhedor para todos, independentemente de sua origem, raça ou cor. O desafio agora será a implementação eficaz dessas medidas, garantindo que o espírito de solidariedade e respeito prevaleça no campo e nas arquibancadas.
O novo Código Disciplinar também demonstra que as instituições estão preparadas para agir decisivamente contra a discriminação, marcando um passo vital para um futuro mais justo e inclusivo no futebol e, por extensão, na sociedade.
