Na última quinta-feira, 29 de maio, o Vaticano acolheu o Segundo Encontro Internacional sobre o Sentido, promovido pela Scholas Occurrentes e pela CAF – Banco de Desenvolvimento da América Latina e do Caribe. O evento, que reuniu pensadores, educadores e líderes religiosos, teve como tema central a intersecção entre educação e a revolução tecnológica que estamos vivendo. O cardeal José Tolentino de Mendonça, prefeito do Dicastério para a Cultura e a Educação, utilizou o espaço para enfatizar a urgência de se repensar modelos educacionais que abracem as transformações digitais.
A urgência de uma nova abordagem educativa
O cardeal Mendonça destacou que o mundo atual, caracterizado por uma interconexão instantânea, pede uma abordagem educativa que não tenha medo das inovações. Ao contrário disso, deve-se integrar a tecnologia de forma que ela complemente e enriqueça o aprendizado. Em suas palavras, essa “revolução tecnológica” não deve ser “nem ignorada, nem temida”, mas sim utilizada como uma ferramenta que ajuda a formar indivíduos mais criticos e conscientes.
Uma herança educacional de Francisco a Leão XIV
Durante seu discurso, o cardeal também se referiu à “preciosa herança” deixada pelo Papa Francisco, que foi encarregada de continuar por seu sucessor, o recém-eleito Papa Leão XIV. A escolha do nome do nuevo Pontífice aponta para uma reconhecida responsabilidade com a transformação digital e seu impacto na educação. O cardeal afirmou que, em meio a incertezas e medos, a educação se mantém como uma bússola, capaz de guiar a sociedade para um uso responsável e crítico das novas tecnologias.
As salas de aula como antenas de transformação
O cardeal sublinhou a importância das salas de aula como “sondas e antenas” que capturam as necessidades da juventude contemporânea. O bem-estar emocional e a saúde mental dos jovens, que ganham visibilidade só agora, após a pandemia, são reflexos diretos das realidades enfrentadas dentro das instituições de ensino. Com mais de 230 milhões de crianças sem acesso à educação, o cardeal enfatizou que a questão da educação deve se expandir para incluir os mais vulneráveis, como migrantes e crianças em situação de rua.
Educar para a custódia da Criação
Referindo-se à encíclica ‘Laudato si’, o cardeal Mendonça observou que o desafio contemporâneo não diz respeito apenas à educação, mas à custódia da “Casa Comum”. Ele reiterou que a educação deve formar cidadãos conscientes do seu papel na proteção do meio ambiente, promovendo o entendimento de que a humanidade e a natureza estão interligadas. Assim, deve-se cultivar um respeito profundo pela Criação, em vez de uma visão dominadora sobre ela.
O papel transformador do educador
Por fim, o cardeal ressaltou a importância do educador como um “ministro” da educação, que não deve ser visto apenas como um transmissor de conhecimentos. Ele deve ser um companheiro, um amigo e um guia, capaz de se aproximar das necessidades e desafios dos alunos, ajudando-os a encontrar seu próprio caminho em um mundo em constante mudança. A educação, portanto, envolve muito mais do que a simples acumulação de informações; é um processo de construção de identidade e de valores.
Com a realização deste encontro, o Vaticano reafirma seu compromisso com a formação integral da juventude, em um momento em que a educação ainda precisa encontrar sua melhor forma de se adaptar à nova realidade marcada pela tecnologia. A íntegra da intervenção do cardeal pode ser conferida através do site oficial do Vaticano.