A Azul Linhas Aéreas anunciou um plano de recuperação financeira que inclui US$ 1,6 bilhão em financiamentos via empréstimo DIP e aportes de capital de até US$ 950 milhões. A estratégia visa eliminar mais de US$ 2 bilhões em dívidas, reduzindo seu endividamento total para US$ 9,6 bilhões (cerca de R$ 54,6 bilhões).
Reestruturação e redução de frota
Durante apresentação, a Azul revelou que pretende diminuir sua frota futura em 35%, incluindo devoluções e renegociações de contratos de leasing de aeronaves, o que deve gerar uma economia de US$ 744 milhões até 2029. No fim de março, a companhia operava 184 aeronaves de passageiros, segundo dados do balanço do primeiro trimestre de 2025.
Razões para seguir as rivais
O pedido de recuperação judicial da Azul ocorreu após prejuízos de R$ 1,8 bilhão no primeiro trimestre de 2025, comparados a uma perda de R$ 324,2 milhões no mesmo período de 2024. O movimento reflete um cenário de alta alavancagem financeira, com dívida bruta de R$ 31,35 bilhões, uma alta de 50,3% em 12 meses, segundo o sócio da RGF Associados, Hugo Cayuela.
Mesmo com a reação negativa no mercado — as ações caíram até 12% na Bolsa brasileira — a Azul aposta na melhora operacional e em parcerias estratégicas, incluindo United Airlines e American Airlines, que possuem participação e apoio na reestruturação.
Onde a Azul quer chegar?
Segundo o CEO John Rodgerson, a reestruturação visa transformar a Azul em uma líder no setor aéreo. Apesar das dificuldades desde 2020, agravadas por perdas cambiais, problemas na cadeia de suprimentos e enchentes, a empresa busca sair do processo “desalavancada”, com menor custo de juros e capital suficiente para investir no crescimento.
O plano inclui a emissão de ofertas de ações e possíveis investimentos de até US$ 600 milhões entre parceiros, que podem se converter em ações da companhia após a recuperação.
Fusões e alianças no mercado aéreo brasileiro
O cenário de recuperação e reestruturação da Azul inclui discussões com Gol e Latam. A Azul e Gol avaliaram uma fusão que está sob análise do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), enquanto a Latam já utilizou o Chapter 11 em 2022.
Por ora, o mercado acredita que o processo de recuperação da Azul deve se concluir entre o fim de 2025 e início de 2026, com apoio de seus credores e parceiros estratégicos.
Desafios e perspectivas
Apesar das estratégias, há incertezas quanto ao sucesso da recuperação, dado o elevado endividamento e os desafios do setor. A prioridade é garantir a estabilização financeira e operacional da Azul, enquanto as negociações com credores e investidores continuam em andamento.
Para mais detalhes, consulte a matéria completa em O Globo.