O tão aguardado retorno de Angel Di María ao Rosario Central, anunciado pelo clube nesta quinta-feira, enfrentou um longo adiamento causado por severas ameaças contra o jogador e sua família na Argentina. Uma onda de violência no ano passado, que incluiu pichações e até mesmo uma cabeça de porco baleada, elevou as preocupações em torno do campeão mundial, que optou por postergar seu retorno.
Ameaças de morte e violência no passado recente
Em julho do ano passado, Di María comentou a situação após uma tentativa frustrada de negociação com o clube onde iniciou sua carreira. O jogador revelou que as ameaças surgiram na vizinhança de seus pais e foram amplamente difundidas, resultando em um clima de medo. Um episódio particularmente alarmante envolveu uma caixa deixada na imobiliária de sua irmã, contendo uma cabeça de porco baleada e um recado ameaçador, que mencionava que, se ele retornasse ao Rosario Central, a próxima cabeça seria da sua filha, Pía. Além disso, o recado citava figuras públicas como Patricia Bullrich, ministra da Segurança, e Maximiliano Pullaro, governador da província de Santa Fé, onde Rosário está localizada.
“Houve ameaças dirigidas ao posto de gasolina que meu pai possui, onde dispararam tiros. Qualquer funcionário ou pessoa que estivesse ali poderia ter morrido. Foi uma loucura”, desabafou o jogador em uma entrevista para a emissora Rosario3. Ele acrescentou que as razões para decidir não voltar foram muito mais profundas do que questões financeiras ou esportivas. A gravidade da situação o fez refletir, especialmente quando viu o nome de sua filha mencionado nas ameaças. “Foram meses horríveis, nos quais simplesmente pensávamos e chorávamos todas as noites porque não poderíamos realizar nosso sonho”, relatou.
A história envolvendo atos de violência
Em maio daquele ano, um mural de Di María na cidade foi pichado com a frase “ainda vai voltar?” e lembranças dos rebaixamentos do Rosario Central. Antes disso, uma ameaça mais direta foi deixada no condomínio onde a família de Di María normalmente se hospeda durante suas visitas a Rosário. A mensagem perigosa dizia: “Diga a seu filho Ángel que não volte mais a Rosário, ou vamos matar um membro da família. Nem Pullaro vai salvá-lo. Não jogamos confetes, jogamos chumbo e mortos”.
A cidade de Rosário, que também é casa de Lionel Messi, enfrenta uma batalha intensa contra o tráfico de drogas. Este ano, um supermercado pertencente à família de Antonela Roccuzzo, esposa de Messi, foi alvo de tiros e ameaças direcionadas ao atacante da seleção argentina. Embora Messi tenha passado pela base de Newell’s Old Boys, rival do Rosario Central, as investigações relacionadas ao caso de Di María descartaram intenções motivadas por rivalidades esportivas nas ameaças.
Apesar do clima de tensão e das ameaças, Di María entende a paixão dos torcedores pelo futebol. “É difícil compreender como a paixão pode se transformar em violência, mas não posso deixar a segurança de minha família em risco. Minha prioridade é protegê-los acima de tudo”, declarou o jogador.
Expectativas para o futuro
Com a situação atual, Di María se vê forçado a reavaliar seu futuro no futebol e a possibilidade de voltar a jogar em sua cidade natal. Ele expressou o desejo de um retorno ao Rosario Central, mas não sem antes garantir a segurança de sua família e procurar soluções para a violência que assola a cidade. “Eu ainda tenho muito amor pela torcida e pelo clube, mas precisamos resolver essas questões antes de qualquer coisa. Meu coração sempre estará em Rosário”, finalizou o atleta.
Com a situação ainda delicada, as esperanças de muitos torcedores de ver Di María brilhando novamente com a camisa do Rosario Central permanecem, mas a segurança prevalece como a principal preocupação do jogador.
