Em um mundo cada vez mais polarizado e repleto de conflitos, a comunicação pode ser nossa melhor aliada. O 59º Dia Mundial das Comunicações, com mensagem inspirada pelo falecido Papa Francisco, se destaca neste contexto, enfatizando a importância de uma comunicação que não somente transmita informações, mas que também crie laços, promove a paz e encoraje a compreensão mútua.
A relevância da mensagem do Papa Francisco
A mensagem do Papa se baseia na Primeira Carta de Pedro, que nos convoca a “partilhar com mansidão a esperança que está em nossos corações”. Num momento em que as relações interpessoais e sociais são frequentemente bombardeadas por desinformação e preconceitos, essa chamada à mansidão é um lembrete necessário. O Papa expressou um desejo de ver uma comunicação que não venda ilusões ou medos, mas que ofereça razões para a esperança. Este é um chamado poderoso, especialmente em tempos de divisão.
Construindo pontes em vez de muros
Dom Roberto Francisco Ferreria Paz, Bispo Diocesano de Campos, destaca que a verdadeira comunicação “abre caminhos” e “constrói pontes”. Ele adverte sobre o individualismo que permeia a comunicação atual, onde muitas vezes transformamos nossas interações em monólogos egoístas. Esse comportamento não só limita o diálogo, mas também enfraquece o tecido social que nos une. Quando nos comunicamos respeitosamente, podemos construir um projeto comunitário que reúne e incentiva a partilha, essencial para a convivência pacífica.
Resgatando a essência da comunicação
Durante este ano jubilar, a proposta é que levemos a comunicação a lugares onde ela é mais necessária: prisões, hospitais, periferias e zonas de conflito. É um convite à proximidade e solidariedade, lembrando que somos todos construtores da paz, conforme dito no Evangelho de Mateus (5,9). Essa visão amplia o alcance da comunicação, fazendo dela um instrumento de transformação social.
O perigo da dispersão programada da atenção
Dom Roberto ressalta a necessidade de recuperar o foco no interesse público e no bem comum, especialmente em face da “dispersão programada da atenção” — um fenômeno que fragmenta nossas interações e dilui nosso compromisso com a coletividade. Em um tempo onde as informações são diluídas por interesses comerciais e pessoais, é vital voltar à autenticidade e à beleza da comunicação, que deveria ser marcada pela ternura e pela valorização da singularidade de cada indivíduo.
Comunicação com coração
A comunicação deve sempre ser feita com um toque humano. O Papa Francisco enfatiza a importância de não só se atentar às técnicas ou protocolos, mas, acima de tudo, cuidar do coração. Isso implica criar uma comunicação cordial, sensível e compassiva, que estabelece confiança e fomenta esperança. A construção de espaços de encontro e canais de entendimento é fundamental, especialmente em tempos onde as fronteiras, tanto físicas quanto emocionais, parecem mais fechadas do que nunca.
Contando histórias de esperança
É essencial, portanto, que busquemos contar narrativas que inspirem e resgatem a esperança. Quando falamos sobre experiências e emoções, podemos tecer uma nova história, baseada na graça do amor. Cada gesto, cada palavra, tem o potencial de transformar vidas e comunidades, e é nesse sentido que devemos abraçar a convocação do Papa para uma comunicação que não decepciona, mas que, ao invés disso, nos une.
Concluindo, ao celebrarmos o Dia Mundial das Comunicações, somos desafiados a repensar nosso papel na sociedade por meio da comunicação. Que possamos ser agentes de paz, disseminando esperança e construindo, dia após dia, uma realidade mais harmoniosa.