O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, reagiu com irritação às percepções de que seus movimentos de recuo nas ameaças tarifárias seriam indicativos de fraqueza, e afirmou que suas ações fazem parte de uma estratégia de negociação. Trump explicou que, após ameaças extremas, ele costuma definir um valor alto e depois reduzir, como parte de uma tática para obter concessões comerciais.
Movimentos táticos e reações do mercado
Analistas avaliam que os recuos frequentes de Trump, como o recente adiamento de tarifas de 50% sobre produtos europeus, fazem parte de uma estratégia deliberada para pressionar parceiros comerciais por vantagens. Segundo fontes próximas ao governo, suas ações de alta e baixa nas tarifas visam criar um clima de negociação acirrada, enquanto os mercados financeiros reagem com volatilidade, refletindo a incerteza global.
Significado do “TACO trade” e impacto nos mercados
Durante uma entrevista no Salão Oval, Trump foi perguntado sobre o chamado “TACO trade”, uma sigla criada por um colunista do jornal Financial Times que significa “Trump Always Chickens Out” (Trump Sempre Amarela). Essa expressão descreve ataques especulativos de investidores às quedas do mercado após ameaças tarifárias, apostando que Trump recuará brevemente, o que acaba provocando uma oportunidade de compra.
De acordo com gestores de investimentos, essa estratégia reflete a percepção de que Trump usa suas ameaças como ferramenta de barganha, o que foi evidenciado pelos movimentos do mercado após as recentes declarações de tarifas.
Recuos em políticas tarifárias e negociações
Desde o início de seu mandato, Trump alternou entre fortes ameaças tarifárias e recuos estratégicos. Em maio, ameaçou aplicar tarifas de 50% sobre produtos chineses, provocando turbulência, mas posteriormente reduziu os encargos para 30%, deixando espaço para negociações. Essas ações geraram reações diversas nos mercados, que oscilaram entre otimismo e cautela.
A política tarifária do presidente também tem sido marcada por concessões, como a flexibilização das tarifas automotivas após forte pressão do setor, além de isenções de eletrônicos para evitar impacto na tecnologia. Essas mudanças reforçam a estratégia de negociar com parceiros, ainda que, muitas vezes, os recuos enfraqueçam sua credibilidade.
Desafios e percepções internas
Analistas avaliam que a efetividade da estratégia de Trump diminui à medida que parceiros comerciais percebem suas ameaças como menos críveis. Estudos indicam que a sensibilidade do mercado às notícias tarifárias reduziu significativamente, passando de 80% para cerca de 30% da variação diária do índice S&P 500, desde os picos de tensão em março.
Apesar dos recuos, Trump insiste que sua tática gera resultados rápidos. Em uma recente resposta no Salão Oval, declarou que a postura dura tem levado a negociações exitosas, citando o exemplo de um acordo com a Colômbia após ameaça de tarifas de 50% sobre produtos colombianos, que recuaram e aceitaram os termos.
Cenário futuro e estratégias de negociação
Especialistas apontam que, embora essa estratégia possa funcionar a curto prazo, ela possui limites. A crescente desconfiança dos parceiros comerciais em relação às ameaças pode enfraquecer futuras negociações e gerar instabilidade econômica global. Além disso, alguns analistas alertam para o risco de que o próprio mercado comece a desacreditar na credibilidade das ameaças tarifárias, reduzindo sua eficácia como ferramenta de pressão.