Brasil, 30 de maio de 2025
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Publicitária denuncia racismo em cafeteria de Belo Horizonte

A publicitária Nayara Machado registrou queixa após ser abordada em situação constrangedora na cafeteria Fofo de Belas.

Na última terça-feira (27), a publicitária e designer de produtos Nayara Cristina Machado, de 29 anos, protocolou um boletim de ocorrência após afirmar que foi vítima de racismo na cafeteria Fofo de Belas Padaria & Brunch, localizada no bairro Lourdes, em Belo Horizonte (MG). O caso gerou repercussão e levantou discussões sobre racismo e discriminação em espaços públicos.

O episódio na cafeteria

Conforme Nayara, o incidente ocorreu na segunda-feira (26). Ela chegou à cafeteria por volta das 14h, pediu um cappuccino e um croissant, e começou a trabalhar em seu notebook. Durante sua permanência, a publicitária participou de uma reunião online, mas a tranquilidade foi interrompida quando um garçom a abordou cerca de uma hora e meia depois, pedindo para que ela mudasse de mesa sob a justificativa de que a tomada utilizada por ela poderia atrapalhar outro cliente.

Nayara acatou o pedido e se mudou para um novo local. No entanto, a situação se agravou quando uma gerente se aproximou de forma, segundo ela, passivo-agressiva, questionando sobre quanto tempo mais ela permaneceria no estabelecimento, insinuando que o local não era apropriado para trabalho.

Repercussão e manifestação de racismo

“A abordagem foi feita de forma constrangedora, descuidada e infantilizada, sem qualquer aviso prévio do estabelecimento sobre o tempo de permanência ou uso de notebook. Durante todo o tempo, mantive a conduta discreta e, ainda assim, fui a única pessoa abordada”, desabafou Nayara.

A publicitária, que é negra, destacou que outros clientes brancos estavam presentes na mesma situação e não foram abordados. “Batalhei para fazer meu trabalho com dignidade e respeito no local. Outros clientes ao meu redor também utilizavam notebooks e falavam em volumes mais altos. Entretanto, apenas eu fui questionada”, afirmou.

Investigação e apoio

A mulher acredita que a abordagem foi motivada por racismo, afirmando: “Eu não estou maluca e não vou tratar este episódio apenas como um ‘desentendido’. Eu senti o desprezo e a vontade da gerente de ‘limpar’ o lugar. Racismo é crime e não um mal-entendido”, enfatizou Nayara em suas redes sociais.

“Se fosse um homem de colarinho branco fazendo o mesmo que eu, duvido que teria sido tratado da mesma forma. Fui olhada com cara de nojo”, desabafou a publicitária.

Em nota, a Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG) confirmou que o caso está em investigação, sendo conduzido pela Delegacia Especializada em Repressão a Crimes de Racismo, Xenofobia, LGBTfobia e Intolerâncias em Belo Horizonte.

Posicionamento da cafeteria

Em resposta ao ocorrido, a cafeteria emitiu uma nota afirmando que a abordagem foi feita para acomodar um grupo maior de pessoas e que lamentava o episódio. A gerente, segundo o comunicado, não teve a intenção de ofender a cliente. “Estamos tentando entrar em contato com a cliente para realizar um pedido de desculpas formal”, disse a nota.

“Lamentamos profundamente que essa situação possa ter causado sentimentos de constrangimento ou ofensa. Embora sejamos um negócio jovem, nossa experiência anterior nos ensina a importância de proporcionar um atendimento respeitoso e inclusivo”, explicou a cafeteria.

A nota enfatizou que não houve motivação racista na abordagem e que a equipe busca constantemente treinar seus funcionários para que casos como esse não se repitam. Além disso, reafirmou seu compromisso com o respeito e a inclusão de todos os clientes.

Reflexões e desafios

O episódio ocorrido na cafeteria Fofo de Belas ilustra uma realidade ainda bastante presente em muitos estabelecimentos e setores da sociedade brasileira, onde o racismo muitas vezes se manifesta de forma sutil, mas ainda assim impactante. É fundamental que haja uma reflexão sobre as políticas de acolhimento e inclusão em serviços públicos e privados para que situações como essa não voltem a ocorrer.

A luta contra o racismo é um tema que continua a mobilizar a sociedade. É imprescindível que todos os indivíduos, independentemente de cor ou origem, possam se sentir respeitados e acolhidos em qualquer ambiente.

Com esse episódio, Nayara não apenas se posiciona contra o racismo, mas também encoraja outras pessoas a denunciarem situações similares, promovendo um debate essencial sobre inclusão e direitos no Brasil.

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