A Procuradoria-Geral da República (PGR) pediu, nesta segunda-feira (26), a condenação da ex-primeira-dama da Paraíba, Pâmela Bório, por sua participação nos atos antidemocráticos que ocorreram em 8 de janeiro de 2023. Esta solicitação se dá em um contexto onde Pâmela já responde, no Supremo Tribunal Federal (STF), por cinco crimes diferentes, incluindo tentativa de golpe de Estado e dano ao patrimônio público. A PGR argumenta que a ex-mulher do ex-governador Ricardo Coutinho (PT) teve um papel ativo nas invasões que marcaram aquele dia em Brasília.
Acusações graves contra Pâmela Bório
De acordo com o despacho assinado pelo procurador-geral da República, Paulo Gonet, Pâmela Bório teria atuado como executora material das invasões aos prédios dos Três Poderes. O documento detalha que ela invadiu as sedes do Executivo, Legislativo e Judiciário, depredando bens públicos. O procurador destacou que a ex-primeira-dama foi apontada como uma das principais responsáveis pelas ações durante os protestos que buscavam reverter o resultado das eleições de 2022, quando Luiz Inácio Lula da Silva foi eleito presidente.
A participação do filho nas invasões
Um dos pontos mais controversos das acusações é a alegação de que Pâmela levou seu filho menor de idade para participar das manifestações. Em um vídeo que circulou nas redes sociais, a ex-primeira-dama pergunta ao menino o que eles estavam fazendo naquele local, e ele responde: “Estamos fazendo história… tirar o Brasil da mão do comunismo tirano.” Essa afirmação gerou grande repercussão e foi contestada judicialmente por Ricardo Coutinho, que solicitou a guarda do filho devido à situação.
Pelas redes sociais, Pâmela compartilhou imagens e vídeos em que aparece dentro do Congresso Nacional, acompanhada do filho e de apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro. Essa visibilidade nas redes e a filmagem do local indicam uma participação ativa e intencional durante os atos, segundo a PGR.
Defesa e contestação das alegações
Pâmela Bório se defende afirmando que sua presença em Brasília teve um caráter de “cobertura jornalística”, uma vez que é formada em jornalismo pela Universidade do Estado da Bahia (UNEB). Em sua defesa, ela alegou que seu filho não estava com ela, mas sim passando férias com os tios. Contudo, a PGR contesta essa versão, afirmando que as provas reunidas no processo demonstram uma contribuição ativa de Pâmela nas invasões.
A trajetória de Pâmela Bório
Pâmela Bório, antes de se tornar uma figura pública associada à política, trabalhou como apresentadora de telejornais em afiliadas de grandes redes como Globo e SBT entre 2001 e 2010. Ela também ganhou notoriedade ao ser eleita Miss Bahia em 2008 e, no ano seguinte, iniciou um relacionamento com Ricardo Coutinho. O casamento ocorreu em 2011, mas a separação se deu em 2015, dando início a uma série de disputas judiciais entre os dois.
Em 2015, Bório registrou uma queixa por agressão contra Coutinho, que culminou em um processo judicial. Durante o processo, ela alegou ter sido agredida por parentes do ex-marido. Em outra ocasião, em 2018, Pâmela foi acusada de danificar um portão ao tentar invadir a granja de Coutinho, mas foi absolvida da acusação de dano qualificado, justificando que o fez por medo de agressões.
Consequências jurídicas e sociais
A solicitação da PGR para a condenação de Pâmela Bório levanta questões importantes sobre a responsabilidade individual em eventos políticos e as consequências das ações tomadas em momentos de agitação social. Os atos de 8 de janeiro não só traumatizaram a população, mas também comprometeram a imagem do Brasil no cenário internacional. Enquanto isso, a batalha judicial de Pâmela Bório parece longe de uma resolução, com novos desdobramentos a cada dia.
Este caso reflete a polarização política do Brasil e o papel que figuras públicas desempenham na formação do discurso e na mobilização social. À medida que o processo avança no Supremo, a sociedade observa atentamente as implicações legais e morais que este evento trouxe à tona.