A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, foi alvo de ataques durante uma audiência no Senado Federal, realizada na última terça-feira (27/5). O episódio ressalta não apenas o desrespeito enfrentado pela titular da pasta, mas também um cenário recorrente de agressões verbais a mulheres na política brasileira. Em meio a debates acalorados sobre a criação de unidades de conservação na região Norte, Marina teve que lidar com um ambiente hostil, marcado por desentendimentos com senadores que questionaram sua atuação e, em alguns momentos, desrespeitaram sua posição.
O desentendimento no Senado
Durante a audiência na Comissão de Infraestrutura, Marina Silva se viu em um verdadeiro embate verbal com parlamentares. O senador Omar Aziz, por exemplo, criticou sua atuação na obra de pavimentação da BR-319, argumentando que ela estaria atrasando o desenvolvimento do país e lançando dúvidas sobre os dados ambientais apresentados. Ao mesmo tempo, o presidente do colegiado, senador Marcos Rogério (PL-RO), cortou o áudio do microfone da ministra em diversas ocasiões, culminando em um momento de tensão em que mandou que ela “se colocasse no seu lugar”. Esse desrespeito levou Marino a exigir um pedido de desculpas que não foi atendido, resultando em sua retirada da sessão.
Repercussões do ataque
A reação após o incidente não tardou a chegar. Parlamentares, ministros e, em especial, outras mulheres no governo se manifestaram em defesa de Marina Silva, pedindo uma postura mais respeitosa e a responsabilização dos atacantes. Esta não é a primeira vez que Marina enfrenta ofensas desse tipo. Em um caso recorrente, o senador Plínio Valério havia feito uma declaração ameaçadora, mencionando “enforcar” a ministra durante um evento em julho. A sua declaração gerou indignação, levando até mesmo a uma denúncia ao Conselho de Ética do Senado diante da falta de punição aos envolvidos.
Machismo institucional na política
Marina Silva não está sozinha neste cenário de desrespeito. Outras ministras também têm enfrentado ataques machistas. A ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, foi alvo de comentários ofensivos, como comparações desrespeitosas feitas pelo deputado federal Gustavo Gayer (PL-GO) que insinuava um tratamento degradante por parte do governo. Após a repercussão negativa, Gleisi apresentou uma queixa-crime no Supremo Tribunal Federal (STF), solicitando uma indenização por danos morais de R$ 30 mil, o que demonstra a gravidade das declarações feitas no ambiente político.
Consequências e reações políticas
Além de Gayer, outro deputado, Gilvan da Federal (PL-ES), foi punido por declarações igualmente ofensivas. O Conselho de Ética da Câmara dos Deputados suspendeu seu mandato por três meses, uma ação que contrasta com a ausência de punição em casos semelhantes envolvendo senadores. Essa diferença de tratamento evidencia um problema ainda maior dentro das instituições, onde a impunidade para algumas figuras públicas alimenta um ciclo de machismo e desrespeito.
As recentes ocorrências envolvendo Marina Silva e Gleisi Hoffmann jogam luz sobre a necessidade urgente de mudanças na cultura política brasileira. O respeito às mulheres e o combate ao machismo nas esferas de decisão são fundamentais para a construção de um ambiente mais igualitário e saudável nas relações políticas e governamentais.
Por fim, as opiniões expressas na audiência e os comportamentos dos parlamentares levantam questões sobre a necessidade de uma reflexão profunda sobre como a política brasileira trata as mulheres em posições de poder. É essencial que haja uma mobilização da sociedade em busca de um espaço mais respeitoso e inclusivo, onde o diálogo e a civilidade predominarão acima das agressões e desrespeitos.