A prévia da inflação de maio, divulgada ontem pelo IBGE, indicou uma queda nos preços, com o IPCA-15 registrando alta de apenas 0,36%. Este é o menor percentual para o mês desde maio de 2020 e uma redução em relação aos 0,43% de abril, além de ficar abaixo das previsões do mercado, de 0,44%.
Sinais de desaceleração e expectativas do mercado
Especialistas afirmam que o resultado do IPCA-15 sinaliza o início de uma fase de descompressão da inflação, com uma desaceleração disseminada entre diversos grupos analisados, incluindo alimentos, eletrônicos e comunicação. Segundo Miriam Leitão, economista, “o IPCA-15 indica uma melhora mais duradoura na inflação”.
Apesar do bom desempenho, o acumulado em 12 meses ainda está alto, em 5,4%, bem acima do centro da meta de 3% para o ano e do teto de 4,5%. A expectativa geral é de que o Banco Central (Bacen) possa interromper o ciclo de altas na taxa Selic na reunião de junho, dado o início de sinais de controle da inflação, concluem os analistas.
Contribuições e fatores que influenciaram o IPCA-15
Entre os itens que apresentaram maior alívio estão alimentação no domicílio, eletrônicos e comunicação, que tiveram inflação menor ou deflação. O recuo nos preços de frutas e hortaliças, como tomate (queda de 7,3%) e batata-inglesa (21,7%), contribuiu significativamente para esse cenário positivo.
Luis Otávio Leal, economista-chefe da G5 Partners, destacou: “Isso nos mostra que ainda estamos em um processo de aceleração da inflação, mas a melhora dos alimentos auxilia na perspectiva de desaceleração geral”. Ainda assim, ele pondera que itens como vestuário podem pressionar os preços no curto prazo, especialmente com as vendas de outono-inverno.
Perspectivas futuras e riscos a considerar
Marianna Costa, economista da Mirae Asset, sugere que a melhora do índice está relacionada à sazonalidade, mas projeta que a inflação em 12 meses pode permanecer em torno de 5,5% nos próximos meses. Segundo ela, a situação ainda exige cautela, pois fatores como o mercado de trabalho aquecido e o elevado volume de vendas mantêm a inflação pressionada.
Mesmo com o resultado positivo, o acumulado de 12 meses continua elevado, e a inflação ainda não apresenta perspectiva de queda definitiva a curto prazo. Além disso, o aumento no preço de itens como vestuário e o impacto das altas na energia elétrica, que passou a vigorar sob bandeira tarifária amarela, podem influenciar a trajetória inflacionária.
Impactos e expectativas do mercado
De acordo com Rafaela Vitoria, economista-chefe do Inter, é cedo para reduzir a Selic, mas a combinação do IPCA-15 mais baixo e a expectativa de menor pressão de crédito, devido ao aumento do IOF, aponta para uma possível manutenção dos juros na próxima reunião do Copom. “Se não houver novos estímulos fiscais, a inflação pode se consolidar em patamares mais baixos ao longo do ano”, avalia ela.
Por outro lado, a inflação acumulada em 12 meses, embora em desaceleração, ainda mantém-se acima do centro da meta, reforçando a necessidade de cautela na condução da política monetária.
Para o mercado de alimentos, a desaceleração na inflação de maio traz esperança de maior estabilidade, com destaque para a forte queda no preço de alimentos de consumo cotidiano, como tomate, arroz e ovos. Ainda assim, especialistas alertam para possíveis pressões vindas de setores como vestuário, cuja demanda por lançamentos de moda outono-inverno pode elevar os preços no futuro próximo.
As projeções indicam que, mesmo com sinais de melhora, a inflação deve manter-se acima do centro da meta até o fim do ano, exigindo ações cautelosas do Banco Central e atenção às condições econômicas nacionais.
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**Meta descrição:** Inflação de maio desacelera para 0,36%, a menor desde 2020, sinalizando um começo de melhora na tendência inflacionária no Brasil.