O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) esteve em Salgueiro, Pernambuco, nesta quarta-feira (28), para a cerimônia de inauguração de importantes obras relacionadas à transposição do Rio São Francisco. A visita ocorreu após um breve período de inatividade na agenda do presidente, que teve um episódio de labirintite na segunda-feira (26).
A presença de Lula no evento reafirma a importância da transposição do Rio São Francisco, não apenas como um projeto de infraestrutura, mas também como um ato de responsabilidade social e compromisso com as populações mais vulneráveis do semiárido brasileiro. “A transposição do Rio São Francisco não era para fazer piscina com onda para os grã-finos do Nordeste, mas sim garantir um copo d’água para 12 milhões de pessoas que vivem nesta região”, destacou Lula durante seu discurso.
Obras e benefícios da transposição do São Francisco
O chefe do Executivo brasileiro ressaltou que a transposição da água é um direito fundamental e deve ser tratado com seriedade. Em seu discurso, Lula criticou a má interpretação dos projetos de segurança hídrica, afirmando que suas antigas visões eram direcionadas a atender o turismo e o entretenimento da elite, ao invés de focar na necessidade básica da população. Para ele, a água deve chegar diretamente nas casas dos pequenos agricultores, que não têm os mesmos recursos que os grandes produtores. “O pobre não tem condições de adquirir bombas ou tratores, por isso precisamos de parcerias efetivas entre os governos municipais, estaduais e federais”, completou.
Durante a visita, o presidente anunciou uma ordem de serviço que destina R$ 491,3 milhões à duplicação da capacidade de bombeamento de água do Eixo Norte da Transposição do Rio São Francisco. Com essa ampliação, a capacidade de bombeamento aumentará de 24,75 m³/s para 49 m³/s, prevendo beneficiar cerca de 237 municípios e 8,1 milhões de pessoas nos estados de Pernambuco, Ceará, Paraíba e Rio Grande do Norte.
Compromisso com o semiárido brasileiro
A transposição do Rio São Francisco vincula-se ao Novo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), com entrega prevista para janeiro de 2028. O projeto visa não apenas resolver questões hídricas, mas também impulsionar o desenvolvimento econômico e social das áreas afetadas pela seca. O presidente Lula e seus ministros reiteraram que, apesar do esforço do governo federal, a colaboração entre os diferentes níveis de gestão é crucial para garantir que a água chegue efetivamente à população mais vulnerável.
“Precisamos trabalhar juntos, unir forças, para que a água realmente chegue ao campo, onde está o pequeno agricultor. Nossa meta é transformar essa realidade e permitir que o semiárido brasileiro produza e possa prosperar”, enfatizou Lula. A iniciativa é vista como um passo significativo na luta contra a seca e na promoção do desenvolvimento sustentável na região.
A obra como parte de uma visão maior
A transposição do Rio São Francisco representa mais do que um projeto de transbordamento de água; é um símbolo de esperança e renovação para milhares de famílias que lutam diariamente contra a escassez hídrica. Em um momento em que as mudanças climáticas se tornam cada vez mais evidentes, a reforço na infraestrutura hídrica é mais pertinente do que nunca. A meta é não apenas prover água, mas também garantir que essa água seja utilizada de forma inteligente e sustentável.
A visita de Lula a Salgueiro, portanto, não simboliza apenas a entrega de uma obra; representa um compromisso renovado com a população do Nordeste, especialmente com os que mais precisam. Está claro que o governo se empenha em transformar o cenário hídrico da região, fazendo da água não apenas um recurso escasso, mas um direito acessível a todos.
O presidente finalizou seu discurso reconhecendo os desafios ainda presentes, mas expressou otimismo quanto ao futuro: “Precisamos seguir em frente, juntos, construindo um Brasil onde a água não seja um luxo, mas um direito básico de todos. A transposição é uma das muitas etapas desse caminho”, concluiu.