A política brasileira, embora tenha avançado em alguns aspectos, ainda reflete uma realidade onde a representatividade feminina é alarmantemente baixa. A economista e ativista Hildete Pereira, com uma carreira que abrange quatro décadas, destaca a hostilidade que as mulheres enfrentam nesse espaço, especialmente quando comparadas a outros países da América Latina. Em um depoimento reverberando a luta feminina no cenário político, Hildete expõe sua visão sobre a necessidade de respeito e proteção para as políticas que favorecem a igualdade de gênero e a preservação ambiental.
A luta pela representatividade feminina
Nos últimos anos, a participação das mulheres na política brasileira tem sido alvo de debates acalorados. Apesar de nosso país figurar como uma democracia há décadas, as vozes femininas ainda são sub-representadas, com o poder político predominantemente masculino. Hildete Pereira cita exemplos recentes que reforçam essa afirmação, como o caso da ex-ministra Marina Silva, que viu sua imagem e discurso serem atacados em várias esferas. “A hostilidade da política brasileira com as mulheres é muito forte. O que aconteceu com Marina foi orquestrado”, comenta Hildete.
Atos de desqualificação
Hildete salienta que a desqualificação de figuras femininas é uma estratégia muitas vezes utilizada para facilitar a tramitação de projetos que atentam contra a preservação ambiental. A ministra Marina, reconhecida globalmente pela sua defesa da Amazônia, foi alvo de ataques não apenas de adversários políticos, mas de senadores de sua própria região, como Omar Aziz, Plínio Valério e Marcos Rogério. Essa abordagem visa minar a credibilidade das mulheres na política e, consequentemente, enfraquecer as iniciativas de proteção ambiental.
Visão equivocada sobre o desenvolvimento econômico
Os parlamentares que atacam Marina e outras figuras femininas parecem ter uma visão distorcida do que é realmente necessário para o desenvolvimento econômico. Hildete argumenta que “não há futuro, não há desenvolvimento econômico sem a preservação da Amazônia”. Essa visão de curto-prazismo, segundo a economista, é desastrosa e ignora a importância sustentável das riquezas naturais do Brasil.
Uma trajetória de resistência
Aos 82 anos, Hildete continua a batalhar por uma política mais inclusiva e respeitosa. “Era de se esperar um pouco mais de respeito”, afirma, refletindo sobre a participação feminina na política. Sua trajetória acadêmica e política tornou-a uma voz respeitada e uma fonte de inspiração para novas gerações de mulheres que aspiram a ocupar espaços de poder.
Superando as barreiras
A resistência das mulheres no ambiente político é uma luta contínua. Hildete destaca a importância do apoio mútuo entre as mulheres, não apenas para garantir a representatividade, mas também para construir uma agenda que promova verdadeiramente os direitos e a igualdade de gênero. É necessário aproveitar a visibilidade das que já estão em posições de destaque para criar um caminho para as futuras líderes.
Por fim, Hildete enfatiza que todo avanço na política deve ser acompanhado de uma reflexão sobre os papéis de gênero e as práticas de respeito no espaço público. O caminho é longo, mas a loriga e o empoderamento feminino são, sem dúvida, passos importantes nessa trajetória. A luta por equidade de gênero não é apenas uma questão de justiça social, mas também de construção de um Brasil mais sustentável e respeitoso com todos os seus cidadãos.
Com visões como a de Hildete Pereira, fica claro que a luta pela representatividade feminina na política brasileira continuará sendo um tema relevante e essencial para o futuro do país.