O ator e comediante Gregório Duvivier não poupou críticas à Rede Globo durante uma recente entrevista ao videocast Desculpa Alguma Coisa, vinculada nesta quarta-feira (28). Duvivier enfatizou a falta de programas de humor na emissora e alegou que, desde a saída de Marcius Melhem, o canal não investe no gênero com o devido potencial.
A ausência de humor na programação da Globo
Na entrevista, Duvivier comentou sobre como o horário nobre da TV aberta, que hoje está dominado por realities e novelas, carece de conteúdo humorístico. Atualmente, a única atração de humor sistemática na televisão tradicional é A Praça é Nossa, do SBT.
“A Globo não entendeu o potencial do humor”, disse o ator, que vê a ausência de atrações cômicas como um reflexo de uma visão conservadora da emissora em relação ao gênero. A criação do seu grupo, Porta dos Fundos, segundo ele, surgiu da frustração com a falta de liberdade criativa na Globo.
“O que tínhamos vontade de fazer era um humor mais ácido, mais ousado, mas a Globo não deixava passar. O Porta começa com esquetes que a Globo não aprovou. Por isso tem esse nome, ‘Porta dos Fundos’”, revelou Duvivier, que acredita que a essência do humor está em explorar o risco e a ousadia.
O desafio do humor na televisão brasileira
A saída de atrações consagradas como Zorra, Tá no Ar e Escolinha do Professor Raimundo deixou uma lacuna significativa no cenário humorístico da TV. Para Duvivier, essa é uma questão que vai além do entretenimento, destacando a importância do humor como uma ferramenta para o debate público.
“Uma emissora daquele tamanho sem programas de humor é algo alarmante. O humor é uma reflexão sobre a sociedade. Ele precisa existir como uma forma de crítica e diversão ao mesmo tempo”, destacou.
Reflexões sobre privilégio e responsabilidade
Além de criticar a falta de humor na programação da Globo, Duvivier também abordou questões de classe social e privilégio. Durante o bate-papo, o criador do Greg News fez uma reflexão pertinente: “Uma pessoa que não tem culpa nenhuma e acha que é natural ter uma vida de herdeiro rico é ridícula. Mas também, quem tem essa culpa e diz que não pode usufruir não serve a ninguém”.
O comediante enfatizou que ter responsabilidade, em vez de sofrer por culpa, é fundamental, principalmente para aqueles que vêm de posições privilegiadas. “Odeio a culpa branca, que não melhora a vida de ninguém. É a responsabilidade que importa, e isso é crucial para quem teve muitos privilégios”, concluiu Duvivier.
As declarações de Gregório Duvivier ecoam um sentimento compartilhado por muitos artistas e comediantes, que veem a necessidade de um espaço mais amplo e diversificado para o humor na mídia tradicional brasileira. Com a crescente popularidade de plataformas digitais, resta saber se a televisão aberta irá se adaptar para não perder este público.
O debate levantado pelo ator reforça questões relevantes sobre a importância do humor na cultura e sociedade, um gênero que, quando bem explorado, pode ser um poderoso meio de reflexão e crítica, além de entretenimento.