Em um momento de reflexão sobre o próprio modelo de trabalho, cresce no Brasil a discussão acerca do direito ao descanso, especialmente diante do aumento de casos de burnout e esgotamento. Essa pauta, que se relaciona ao conceito de cultura organizacional, propõe uma mudança na forma como o trabalho é visto e valorizado no país.
O que é o direito ao descanso na cultura empresarial?
O termo foi utilizado pela consultora Maíra Blasi, que criou um manifesto defendendo a necessidade de repensar jornadas de trabalho e metas corporativas. Segundo ela, o direito ao descanso vai além de férias ou folgas, abrangendo também a manutenção de ambientes de trabalho mais humanizados, a valorização do trabalho de cuidado e a flexibilização de jornadas, como a proposta de transição da escala 6×1 para 5×2.
Desafios culturais e sociais no Brasil
Maíra Blasi destaca que, no Brasil, descansar ainda é visto como uma afronta ao comprometimento com resultados. “Quem tira um tempo para si muitas vezes é considerado preguiçoso ou descomprometido”, afirma. Ela lembra que, apesar de estar previsto na legislação, o descanso muitas vezes é subestimado devido à cultura do trabalho baseada em horas dedicadas, não na entrega de valor.
O impacto da cultura de trabalho atual
De acordo com Dan Pinheiro, consultor em cultura de bem-estar, essa cultura reforça desigualdades sociais, raciais e de gênero, já que o tempo perdido no trajeto ou em tarefas domésticas prejudica principalmente grupos marginalizados. Ele reforça a necessidade de uma mudança de paradigma, onde o reconhecimento seja voltado ao resultado e ao bem-estar.
Perspectivas de mudança na legislação e na prática empresarial
O ministro do Trabalho, Luiz Marinho, defende a transição da jornada 6×1 para 5×2, apontando que a economia brasileira já estaria madura para essa mudança. Especialistas apontam que, além de discutir reduções na jornada, as empresas devem criar sistemas de reconhecimento que valorizem ambientes psicologicamente saudáveis, priorizando o equilíbrio entre produtividade e saúde mental.
O papel das empresas e o futuro do descanso no trabalho
Representantes do setor destacam que práticas como redução de carga horária e dias de folga adicional, como as sextas mais leves, já vêm sendo adotadas por marcas com culturas mais maduras. Contudo, desafios permanecem, sobretudo a pressão por resultados e a sobrecarga de quem busca crescer na carreira.
Participantes de eventos como o Rio2C discutem que o trabalho deve ser repensado como uma parte do bem-estar, e não apenas uma forma de sobrevivência. Segundo Clariza Rosa, reduzir a carga de trabalho e ampliar o espaço para a criatividade são passos essenciais para uma cultura mais saudável.
Perspectivas futuras
Maíra Blasi avalia que, embora uma transformação completa leve décadas, sinais de avanço são perceptíveis, especialmente devido ao aumento de afastamentos por questões de saúde mental. Ela sugere que pautas como a semana de quatro dias, licenças paternidade ampliadas e valorização do trabalho do cuidado podem ganhar força nos próximos anos, promovendo uma mudança cultural significativa.
Para saber mais detalhes dessa transformação, acesse a matéria completa no GLOBO.
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