A Azul S.A. anunciou nesta quarta-feira (28) que solicitou recuperação judicial nos Estados Unidos, por meio do capítulo 11, uma lei que permite a reestruturação empresarial sem interromper as atividades. A decisão ocorreu após a dívida da companhia atingir R$ 31,35 bilhões no primeiro trimestre de 2025, representando uma alta de 50,3% em relação ao mesmo período do ano anterior, segundo o InfoMoney.
Reestruturação financeira e parcerias estratégicas na mira
Segundo o CEO da Azul, John Rodgerson, a medida busca uma reorganização financeira voluntária: “Tomamos a decisão de iniciar uma reestruturação financeira proativa para otimizar nossa estrutura de capital, que foi sobrecarregada por fatores como a pandemia de Covid-19, turbulências macroeconômicas e problemas na cadeia de suprimentos da aviação”.
Para isso, a Azul firmou acordos de apoio à reestruturação com parceiros-chave, incluindo as companhias aéreas americanas United Airlines e American Airlines. Esses acordos visam reduzir a dívida da Azul em cerca de US$ 2 bilhões (R$ 11,28 bilhões) e levantar até US$ 2,5 bilhões (R$ 14,1 bilhões) em novos recursos durante e após o processo de recuperação, protegido pelo capítulo 11.
Continuidade das operações e confiança dos parceiros
Durante o período de reestruturação, a Azul garantiu que continuará operando normalmente, atendendo clientes, tripulantes e parceiros com prioridade. “Clientes, tripulantes e parceiros continuam sendo a prioridade da Azul”, afirmou a companhia em nota enviada ao Portal iG.
A AerCap, maior arrendadora de aviões da Azul, manifestou confiança na recuperação da companhia. Aengus Kelly, CEO da AerCap, afirmou: “Assinamos um acordo de apoio com a Azul, que certamente sairá desse processo mais forte.” Kelly destacou ainda o compromisso com o setor brasileiro, reforçado pelo fato de ambos serem os maiores donos de aviões Embraer E2.
Investimento e apoio de companhias parceiras
As companhias American Airlines e United Airlines irão investir, juntas, até US$ 300 milhões na Azul, assumindo participação societária na empresa brasileira. Segundo a Azul, esse pacote de financiamento demonstra que o caminho para a recuperação já está bem definido, tornando o processo mais ágil.
A United Airlines, parceira da Azul desde 2014 e investidora desde 2015, afirmou que apoia a reestruturação, apostando na parceria futura. A American Airlines também declarou que confia no plano da Azul e acredita que a reestruturação traz benefícios para o setor aéreo brasileiro e para os passageiros, tanto no Brasil quanto no exterior.
Perspectivas para o setor e o futuro da Azul
Especialistas indicam que a reestruturação deve fortalecer a Azul no mercado, com perspectivas de recuperação a médio prazo. Ainda que os desafios permaneçam, a parceria com grandes companhias internacionais e o apoio dos principais credores indicam um caminho mais sólido para a companhia.