A recente audiência na Comissão de Infraestrutura, convocada para discutir a criação de uma unidade de conservação marinha na Margem Equatorial, transformou-se em um palco de ataques à ministra do Meio Ambiente, Marina Silva. O evento, em vez de promover uma discussão construtiva sobre a proteção ambiental, evidenciou a hostilidade de certos membros do Congresso em relação às políticas ambientais e à própria ministra.
Um evento hostil
Diferente de um convite cordial, a presença de Marina Silva foi marcada por um cerco estratégico. As intenções dos anfitriões estavam longe de se preocupar com o futuro dos ecossistemas marinhos. Com uma postura claramente agressiva, o presidente da comissão, Marcos Rogério, liderou os ataques, interrompendo a ministra e silenciando seu microfone em várias ocasiões. Este comportamento inusitado não apenas buscava desestabilizar Marina, mas também impedi-la de defender suas ideias e propostas.
Misoginia e ataques pessoais
Os ataques foram além das discordâncias políticas e adentraram o terreno da misoginia. Durante a audiência, Marcos Rogério desdenhou das preocupações da ministra, sugerindo que ela deveria “se pôr no seu lugar”. Tal declaração, somada a outras intervenções depreciativas, acirrou o ambiente e culminou na decisão de Marina de se retirar do plenário. Para muitos, isso não foi apenas um sinal de desrespeito, mas uma manifestação das dificuldades enfrentadas por mulheres em posições de poder na política brasileira.
O senador Omar Aziz, em outro momento infeliz da audiência, tentou responsabilizar Marina por mortes ocorridas na pandemia de Covid-19, ligando a questão da falta de oxigênio em Manaus à falta de asfaltamento da BR-319, uma obra antiga e que a ministra deixou em 2008. Esses ataques pareceram mais tentativas de desviar de assuntos relevantes do que preocupações genuínas com a saúde pública.
O alinhamento político e as repercussões
Além dos opositores de Marina, até mesmo aliados do governo demonstraram descontentamento com suas políticas. A visão de que o meio ambiente é um obstáculo ao desenvolvimento econômico ainda prevalece entre alguns ministros da atual gestão. Ao associar-se à crítica ao Ibama, o presidente Lula parece ter aberto espaço para a continuidade da pressão contra a ministra, o que a torna um alvo mais vulnerável dentro de uma política que deveria priorizar a sustentabilidade.
Essa agressividade nos ataques, no entanto, também gerou uma onda de solidariedade entre os que defendem as causas ambientais. A posição corajosa de Marina tem ressurgido apoio e fôlego para que ela continue sua luta em um ambiente hostil. No entanto, a realidade do Congresso é que a oposição às políticas ambientais é forte e poderá resultar na aprovação de projetos que visam desmontar o licenciamento ambiental. Há um receio de que os retrocessos que afetam a preservação do meio ambiente sejam cada vez mais frequentes.
Desafios futuros para a ministra do Meio Ambiente
A recente audiência na Comissão de Infraestrutura destaca não apenas o desrespeito que certos membros do Congresso têm em relação à ministra Marina Silva, mas também a necessidade de um diálogo mais construtivo e respeitoso sobre os desafios do nosso tempo no que se refere à preservação ambiental. O desmonte da legislação ambiental poderia ter consequências drásticas para o Brasil, que já enfrenta desafios sérios em relação ao desmatamento, mudanças climáticas e proteção da biodiversidade.
As ações da ministra, sua experiência e conhecimento são fundamentais, e seu trabalho perante a cidadania é crucial para o futuro do Brasil. Contudo, o cenário político atual, permeado por hostilidades, apresenta um grande desafio. A luta pela proteção ambiental e pelo respeito à dignidade das mulheres na política precisa ser contínua e fortalecida. A resistência de Marina e de seus apoiadores será essencial para enfrentar essa nova fase de ataques à preservação ambiental no país.