A Argentina levantou cerca de US$ 1 bilhão (R$ 5,2 bilhões) em títulos de dívida em moeda local para investidores estrangeiros nesta semana, em movimento que visa fortalecer as reservas do banco central. A operação ocorreu um mês após o governo do presidente Javier Milei suspender a maior parte dos controles cambiais, buscando reequilibrar a economia.
Primeira emissão de dívida local do governo argentino desde o período de Macri na Wall Street
O leilão, comemorado pelo governo como um retorno aos mercados globais após a reestruturação da dívida soberana durante a pandemia, é a primeira vez desde o mandato de Mauricio Macri (2015-2019) que a Argentina emite dívida local voltada quase exclusivamente para investidores de Wall Street. Segundo o secretário de Finanças, Pablo Quirno, os títulos emitidos oferecem um cupom de 29,5%, acima do esperado por alguns analistas locais.
Detalhes da emissão e estratégias do governo
Os títulos de pesos, com vencimento em cinco anos, também incluem uma opção de recompra após dois anos, permitindo que os investidores saiam antecipadamente antes da próxima eleição presidencial, prevista para 2027. “Esta estratégia visa aumentar a confiança dos investidores e garantir maior flexibilidade para todos os envolvidos”, explicou Quirno em publicação nas redes sociais na noite de quarta-feira.
Além disso, a operação faz parte de uma estratégia mais ampla de Milei para aumentar as reservas internacionais do país antes de um momento decisivo no acordo de US$ 20 bilhões com o Fundo Monetário Internacional (FMI). Até o momento, o Tesouro argentino recebeu 146 ofertas de investidores estrangeiros, totalizando aproximadamente US$ 1,7 bilhão.
Perspectivas e desafios para a economia argentina
O governo salientou que também forneceu instrumentos em pesos para o mercado doméstico, incluindo notas de curto prazo com vencimentos entre junho e novembro de 2025, além de títulos com vencimento em 2026. Investidores elogiaram os esforços para conter a inflação e equilibrar as contas fiscais, esforços considerados difíceis pelos governos anteriores de Milei.
No entanto, o líder libertário enfrenta obstáculos, como a queda das reservas do banco central desde o recebimento de um empréstimo de US$ 12 bilhões do FMI no mês passado. Milei rejeita a necessidade de acumular reservas, defendendo o regime de câmbio flutuante do país, apesar do compromisso de adquirir US$ 4,4 bilhões em reservas líquidas até meados de junho, meta que está distante de ser atingida, segundo estimativas privadas.
Impactos e próximos passos
A operação de hoje reforça a tentativa do governo de estabilizar a economia, atrair investimentos e reforçar as reservas internacionais, diante de um cenário de desafios fiscais e econômicos. A expectativa é que futuras emissões sigam contribuindo para o cenário de maior estabilidade macroeconômica na Argentina.
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