No último jogo da CONMEBOL Libertadores, a vitória do São Paulo sobre o Talleres foi ofuscada por uma séria acusação de xenofobia. O lateral-esquerdo argentino Miguel Navarro afirmou que o jogador do time brasileiro, Damián Bobadilla, o insultou com ofensas de caráter xenofóbico durante a partida, ocorrida no Estádio do Morumbi.
Após o apito final, Navarro reportou aos policiais que foi chamado de “venezuelano morto de fome”. A situação gerou comoção e debates sobre a necessidade de se combater práticas discriminatórias no esporte.
Entendimento jurídico sobre o caso de xenofobia
O advogado criminalista Rafael Paiva, especialista em Direito Penal, analisou a situação em entrevista. Ele enfatizou que o caso pode ser categorizado como crime de xenofobia, embora essa terminologia ainda não exista formalmente na legislação brasileira. “Estamos diante de um crime de racismo praticado por meio de xenofobia”, afirmou Paiva. Segundo ele, a situação admite uma detenção em flagrante, uma vez que a injúria racial foi equiparada ao racismo pelo Supremo Tribunal Federal (STF).
Paiva explicou que a conduta de Bobadilla poderia resultar em prisão em flagrante, corroborando que deixar o campo não impediria a ação da polícia. “Mesmo que o jogador tenha deixado o estádio rapidamente após o jogo, isso não deslegitima a possibilidade de uma detenção”, esclareceu.
Consequências para o jogador
Caso seja processado e condenado, Bobadilla poderá enfrentar uma pena severa. A legislação prevê reclusão de 2 a 5 anos para casos de racismo. Contudo, sua rápida saída do estádio e a ausência de contato com a imprensa levantaram suspeitas entre torcedores, que especularam que ele teria tentado evitar as consequências imediatas de suas ações.
Enquanto isso, Navarro procurou as autoridades logo após o jogo, registrando um Boletim de Ocorrência. A Polícia também tentou localizar Bobadilla no vestiário, mas ele já havia deixado o local. Testemunhas, incluindo dois jogadores do Talleres e o árbitro da partida, foram ouvidas sobre o ocorrido.
Reação do São Paulo e do Talleres
O São Paulo Futebol Clube emitiu uma nota oficial reafirmando seu compromisso com o respeito e a inclusão. O clube se colocou à disposição das autoridades e reafirmou que repudia qualquer forma de discriminação. No entanto, também ressaltou que Bobadilla, enquanto jogador, não apresentava histórico de conduta negativa, prometendo apoio e orientação ao atleta.
Por outro lado, o Talleres expressou solidariedade a Miguel Navarro, condenando o ato de xenofobia e reiterando seu compromisso com a luta contra discriminação e ódio no futebol. “Queremos expressar nosso repúdio ao ato de xenofobia sofrido pelo nosso jogador”, destacou o clube.
Pronunciamento de Damián Bobadilla
Na tarde de quarta-feira, Bobadilla fez um pronunciamento nas redes sociais. “Nunca tive a intenção de discriminar ninguém. No calor do momento, reagi mal. Quero pedir desculpas publicamente”, declarou, demonstrando arrependimento pela situação. Ele ainda expressou desejo de conversar pessoalmente com Navarro para se desculpar.
A situação não só reacende debates sobre o racismo e xenofobia no esporte, mas também reflete a necessidade urgente de criação de mecanismos que garantam a erradicação de práticas discriminatórias no futebol e em todas as esferas da sociedade.
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