Brasil, 29 de maio de 2025
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Xique-xique: símbolo de resistência do sertão nordestino

Conheça a importância cultural, ecológica e gastronômica do xique-xique, um ícone da caatinga e orgulho do sertão brasileiro.

O xique-xique é um dos mais fascinantes símbolos da Caatinga brasileira. Presente nas paisagens secas do sertão nordestino, essa planta não é apenas um cacto espinhoso; ela representa resistência, cultura e biodiversidade. Nativo do Brasil, o xique-xique (Xiquexique gounellei) mantém uma relação íntima com o semiárido, sendo vital para as comunidades humanas e para a fauna local.

A importância ecológica do xique-xique

Pertencente à família Cactaceae, o xique-xique é uma planta altamente adaptada às condições adversas do seu habitat. Ele pode ser encontrado principalmente nos estados do Nordeste, como Alagoas, Bahia, Ceará, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte e Sergipe, além de algumas áreas do Sudeste, como Minas Gerais. Uma característica marcante dessa planta é sua habilidade de brotar em solos rochosos e áridos, formando densas populações que podem atingir três metros de altura.

Seu caule suculento não apenas realiza a fotossíntese, mas também age como um reservatório de água. Na evolução, as folhas se transformaram em espinhos, que limitam a perda de água e a protegem dos herbívoros. A bióloga e ilustradora Mávani Lima Santos Castro destaca que o xique-xique realiza um tipo único de fotossíntese, a CAM, que permite a troca gasosa durante a noite, evitando a desidratação em dias quentes.

Alimentação e ecossistema

Apesar de sua aparência espinhosa, o xique-xique é uma generosa fonte de alimento. Suas flores, que se abrem à noite, atraem polinizadores como morcegos, insetos e beija-flores. Os frutos da planta são arredondados e, quando maduros, apresentam tons de rosa, roxo ou vermelho, se assemelhando à polpa da pitaya. Esses frutos alimentam aves, roedores e até répteis, enquanto seus caules servem como sustento para ovinos e caprinos durante os períodos de seca.

Os animais adaptados ao semiárido, como ovinos e caprinos, possuem metabolismo eficiente para lidar com as toxinas dos cactos e conseguem aproveitar suas partes sem problemas. Em contrapartida, o gado bovino é mais sensível aos cactos e o consumo do xique-xique por essas espécies deve ser feito em situações de emergência.

Uma riqueza cultural e gastronômica

O xique-xique possui um papel significativo na cultura nordestina. É recorrente em poesias, cordéis e xilogravuras, simbolizando resistência e identidade regional. Além disso, batizou um dos municípios mais antigos da Bahia, Xique-Xique, fundado em 1831, que é cercado pela vegetação dessa planta emblemática.

Os frutos do xique-xique são apreciados na culinária local, sendo usados em sucos, geleias, doces e até sorvetes. Além do sabor, esses frutos são ricos em antioxidantes, potássio e cálcio, trazendo benefícios para a saúde, como fortalecimento da imunidade e ajuda na digestão.

Ilustrações e arte

Mávani, além de bióloga, é artista e se dedica a ilustrar as belezas do bioma da Caatinga, incluindo o xique-xique. Seus trabalhos ajudam a conscientizar sobre a importância da flora nativa e promovem a valorização do ambiente. Ela tem exposto sua arte em praças e escolas, levando a mensagem sobre a importância da preservação e do conhecimento das plantas nativas.

Desafios e conservação

O xique-xique, no entanto, enfrenta sérias ameaças. Fatores como queimadas, coleta predatória, urbanização e mudanças climáticas colocam em risco essa espécie vital para o ecossistema do semiárido. A conservação do xique-xique é, portanto, crucial para a proteção da Caatinga e de sua biodiversidade.

“A conservação do xique-xique é indissociável da proteção da Caatinga”, enfatiza Mávani, que alerta sobre a necessidade de projetos de recuperação ambiental que incluam essa espécie como parte do processo de restauração.

Um símbolo de resistência

Em síntese, o xique-xique é mais do que uma planta; é uma metáfora do sertão nordestino: resistente por fora, mas generoso e doce por dentro. Ele está enraizado não apenas na terra seca, mas também na cultura, na história e no imaginário do povo nordestino. Ao apreciar o xique-xique, seja através de versos, da arte ou da gastronomia, celebramos a beleza que surge da adaptação e resistência dos seres vivos, especialmente em um ambiente tão desafiador quanto o semiárido brasileiro.

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