O Supremo Tribunal Federal (STF) dá continuidade, nesta terça-feira (27), às oitivas das testemunhas de defesa na ação que investiga uma suposta trama golpista orquestrada para manter Jair Bolsonaro (PL) no poder após sua derrota nas eleições de 2022. O ex-secretário de Segurança do Distrito Federal e ex-ministro da Justiça, Anderson Torres, é um dos réus processados e é quem indicou as testemunhas a serem ouvidas.
O processo em andamento no STF
As oitivas estão sob a responsabilidade do ministro Alexandre de Moraes, que é o relator da ação no STF. Ao todo, 15 testemunhas de defesa de Anderson Torres devem ser ouvidas nesta data, sendo que a lista inclui delegados da Polícia Federal (PF) e autoridades que integraram a Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal (SSP-DF). Um dos nomes de destaque é o da coronel Cíntia Queiroz de Castro, que atuava como subsecretária de Operações Integradas da SSP-DF, responsável pela formalização dos protocolos de segurança durante os atos do dia 8 de janeiro.
Outros nomes importantes que também serão ouvidos incluem Alessandro Moretti, ex-diretor da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), e Saulo Moura, que foi diretor da mesma agência no dia dos eventos antidemocráticos. Assim, a expectativa é que essas oitivas ajudem a esclarecer os eventos que culminaram na tentativa de golpe.
Testemunhas indicadas por Anderson Torres
Além de Cíntia Queiroz e Alessandro Moretti, a lista de testemunhas inclui outros delegados indiciados pela PF, como Djairlon Henrique Moura e Leo Garrido de Salles, que teriam interferido nas eleições de 2022 ao tentar obstruir o deslocamento de eleitores no Nordeste. O ex-ministro da Educação, Victor Veiga Godoy, também figurará entre os depoentes.
A informação é relevante, visto que, até o presente momento, o STF já ouviu diversas testemunhas apontadas pela Procuradoria-Geral da República (PGR), que ocupa a posição de acusação neste processo. Dentre os já ouvidos, encontram-se depoentes ligados ao colaborador Mauro Cid, ao general Walter Braga Netto, ao deputado federal Alexandre Ramagem, e ao ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional, general Augusto Heleno.
A importância do depoimento e os desdobramentos
As oitivas de hoje têm grande importância não apenas para a defesa de Anderson Torres, mas para o entendimento geral das circunstâncias que rodearam os eventos do dia 8 de janeiro. Ao ouvir essas testemunhas, espera-se que o STF possa obter novos elementos que ajudem na formação de um veredicto. O processo se desenrola em um clima de grande expectativa, dada a gravidade das acusações e as implicações políticas que podem surgir.
Caberá ao relator Alexandre de Moraes conduzir as oitivas e, possivelmente, traçar o caminho para o desfecho do processo. As acusações contra Anderson Torres, que incluem a suposta participação em uma organização criminosa, levantam questões críticas sobre a segurança pública e a atuação das forças de segurança no Brasil.
Papel de Anderson Torres e as acusações
O procurador-geral da República, Paulo Gonet, denuncia que Anderson Torres integrou uma organização criminosa desde junho de 2021, com o ex-presidente Jair Bolsonaro como líder. Segundo a acusação, o grupo teria utilizado violência e ameaça para desestabilizar o funcionamento dos Poderes da República e depor um governo democraticamente eleito.
De acordo com Gonet, indícios da participação de Torres na suposta trama surgem desde 2018, quando ele ajudou a difundir falsas informações sobre o sistema eletrônico de votação durante uma live de Bolsonaro. As alegações de que Torres e outros membros das forças de segurança descumpriram suas obrigações no dia 8 de janeiro são preocupantes e revelam uma suposta omissão em prevenir os atos de violência que ocorreram.
No entanto, Anderson Torres nega todas as acusações, insistindo em sua inocência e na legalidade de suas ações enquanto ocupava cargos de confiança no governo.