Brasil, 29 de maio de 2025
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Samir Xaud e a nova era da CBF: promessas e desafios à vista

O presidente da CBF, Samir Xaud, traça um futuro ambicioso para o futebol brasileiro, mas os desafios são muitos.

O clima de otimismo e expectativa ronda a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) após a chegada de Samir Xaud como presidente. Seu encontro com Carlo Ancelotti, o novo técnico da seleção brasileira, foi um evento teatralmente positivo, marcado por sorrisos e promessas de uma nova era para o futebol brasileiro. No entanto, a verdadeira medida de seu sucesso dependerá das reformas extracampos que pretende implementar.

Promessas fora das quatro linhas

Xaud trouxe a público algumas de suas intenções, como reduzir os Estaduais de 16 para 11 datas e profissionalizar a arbitragem. Embora essas sejam iniciativas bem-vindas, a falta de detalhamento deixa muitos torcedores e dirigentes céticos. Afinal, um plano ambicioso precisa de substância para se concretizar, e a história do futebol brasileiro está repleta de promessas não cumpridas.

Um aspecto que merece destaque é a situação financeira das federações estaduais de futebol. Um estudo minucioso sobre as contabilidades desses órgãos revela que a Federação Paulista é a única que realmente se beneficia das competições estaduais, com um faturamento de R$ 116 milhões em 2022, comparado a outros estados que lutam para gerar receita. Enquanto isso, federações como a do Rio de Janeiro, Minas Gerais e Rio Grande do Sul têm receitas significativamente menores.

O impacto financeiro na reformulação do calendário

O discurso de Xaud sobre a redução das datas dos Estaduais altera o jogo para federações que, como a paulista, dependem da arrecadação gerada pelos direitos de transmissão e patrocínios. Se redefinir o calendário é o objetivo, a realidade econômica das federações estaduais se torna um obstáculo significativo. Reinaldo Carneiro Bastos, presidente da federação paulista, se vê frente a um dilema, uma vez que a diminuição nos jogos significa menos receita.

Embora a maioria das federações ainda se agarre aos Estaduais, enxergam na reforma uma oportunidade de reavaliar seu papel no ecossistema do futebol. A possibilidade de transformar os Estaduais em uma via de acesso à Série D, sem a necessidade de clubes grandes participarem, pode ser uma solução viável para revitalizar as competições e garantir o sustento das federações.

A situação financeira das federações

Os números são alarmantes: muitas federações registram uma receita anual em torno de R$ 5 milhões, a maior parte oriunda dos repasses da CBF, que varia entre R$ 2 a R$ 3 milhões. Além disso, os clubes que participam das séries superiores podem oferecer um alívio financeiro, mas isso não compensa a dependência existente sobre os Estaduais.

O interessante é que a CBF, por outro lado, possui cerca de R$ 2,4 bilhões em caixa. O rendimento dessas aplicações é suficiente para aumentar os repasses às federações, possibilitando que estas subsidiem seus clubes, criando assim um círculo virtuoso de investimento no futebol local.

Desafios políticos e a visão para o futuro

Samir Xaud parece estar ciente dos desafios que enfrenta, não só financeiros, mas também políticos. Reinaldo Carneiro Bastos, oposto a ele em termos de influência, pode representar um obstáculo. Contudo, a habilidade de Xaud em navegar nesse cenário será crucial para a implementação de suas promessas.

Nos próximos anos, o sucesso de Samir Xaud como presidente da CBF será testado não apenas por suas decisões imediatas, mas também por como ele gerencia as complexidades do futebol brasileiro até 2029. O entusiasmo inicial gerado por sua gestão e por Ancelotti precisa se traduzir em ações concretas que promovam um futebol mais dinâmico, equitativo e sustentável no Brasil.

Com um horizonte cheio de promessas, os olhos de milhões de torcedores e amantes do futebol estão voltados para a CBF, ansiosos para ver quais mudanças realmente acontecerão. A hora é agora para a transformação desejada, mas, como sempre, o futebol brasileiro apresenta um grande desafio.

É fundamental que as reformas não sejam apenas um discurso, mas que sejam implementadas com a responsabilidade que o nosso futebol merece. O futuro do futebol brasileiro depende, principalmente, de como as lideranças da CBF se comportarão nas próximas etapas de sua administração.

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