O governo de Portugal garantiu nesta terça-feira (27) que a TAP, companhia aérea controlada pelo Estado, continua sendo uma questão estratégica do país, mesmo diante dos esforços de privatização. Segundo o ministro da Presidência, António Leitão Amaro, a venda da companhia aérea é considerada “importante” e permanece em andamento, embora o cronograma ainda não tenha sido divulgado oficialmente.
Privatização da TAP: questão de estratégia, não de finanças
Em entrevista em Lisboa, Amaro afirmou que a prioridade do governo é manter o hub da TAP em Lisboa e rotas estratégicas, independentemente do processo de privatização. “A TAP é muito mais uma questão estratégica do que financeira”, ressaltou, evitando comentar detalhes sobre o calendário de venda. O governo português busca vender pelo menos 49% da companhia, conforme informações da Bloomberg de fevereiro, mas enfrenta dificuldades políticas desde a recente crise no país.
Política e crise recente atrasam o processo
O plano de privatizar a TAP foi adiado após a crise política que resultou na queda do governo minoritário de centro-direita liderado por Luís Montenegro, em março. Portugal realizou eleições antecipadas no último dia 18, onde uma coligação governista ampliou sua presença no parlamento, mas sem maioria absoluta. Assim, o processo de venda ainda aguarda definição formal, e Montenegro e seu novo governo ainda não foram empossados oficialmente.
Antes do impasse político, o governo já indicava a intenção de vender uma participação minoritária da TAP, evitando a oposição que uma venda maior poderia gerar no parlamento. Dois relatórios de avaliação da companhia estão atualmente em andamento, segundo o governo português.
Interesse de companhias europeias na TAP
Atualmente, a TAP é uma das poucas companhias aéreas estatais disponíveis na Europa. Grandes grupos de aviação, como a Lufthansa, Air France-KLM e IAG SA (dona da British Airways), já manifestaram interesse na aquisição ou participação na companhia portuguesa. Essas empresas veem na TAP uma oportunidade de consolidar rotas entre Europa, Brasil, África e América do Norte.
Importância na conexão entre continentes
A principal vantagem competitiva da TAP é sua liderança na ligação entre a Europa e o Brasil, além de forte presença na África e nos arquipélagos portugueses da Madeira e Açores. Em 2024, a companhia transportou 16 milhões de passageiros, um aumento de 1,6% em relação ao ano anterior, reforçando sua relevância na mobilidade internacional.
Incidente recente e impacto na reputação
Nos últimos dias, a TAP se envolveu em uma polêmica no Brasil ao cancelar um voo após recusar-se a embarcar um cão de serviço para uma criança autista, com base em uma decisão judicial. A Polícia Federal autuou um gerente da empresa no Aeroporto do Galeão, no Rio de Janeiro, pelo episódio, enquanto a companhia preferiu cancelar o voo em vez de cumprir a determinação judicial. Mais detalhes sobre o incidente.
Perspectivas futuras para a TAP
Embora a privatização enfrente obstáculos políticos, o governo português reforça que a estratégia é manter a TAP como uma peça-chave na conectividade do país. A expectativa é que a venda de participação minoritária prosiga assim que a estabilidade política for restabelecida e os relatórios de avaliação forem concluídos. A abertura do capital busca assegurar a sustentabilidade financeira da empresa e fortalecer sua posição no mercado europeu.
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